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Tecnologia em recursos humanos, homem-máquina, confiança na era digital, novas linguagens de marcas e tecnologia a propósito do planeta foram alguns dos temas tratados no evento “.Futuro Rio”.

Ao longo desta quinta-feira (6), o evento promovido pela Mox Digital reuniu especialistas em torno do conceito “A humanidade aumentada”. Xavier Leclerc, sócio da Mox e curador de conteúdo da terceira ediçãpo da conferência procurou focar na transformação digital “sem espuma”, como ele diz, que de fato vem mudando comportamentos e culturas, e não apenas agregando tecnologia ao dia a dia das empresas.

“O termo transformação digital virou arroz de festa, está na ponta da língua de todos os CEO’s. O que falta é transformação de cultura”, comentou Antonio Mendonça, senior client partner da Corn Ferry durante o painel “Talentos e tecnologia transformando os Recursos Humanos”. “Tecnologia cool não tem nada a ver com transformação digital”, disse Tobias Frank, chief digital officer da Vale.

Foram discutidas, entre outras coisas, as relações de trabalho modernas de hoje em dia, de empresas da nova economia como o Uber, em que a confiança deixa de estar 100% centrada no empregador, e é dividida de maneira mais equalitária com o colaborador.

Thais Galli é diretora geral da Tishman Speier, empresa responsável pelo empreendimento Aqwa Corporate, que sediou o evento no Rio de Janeiro. Ela também cuida do projeto de co-working Studio e apresentou dados sobre espaços de trabalho se tornarem “extensões de casa”, seguindo a tendência da nova economia de trabalhar mais horas, atuar de maneira mais colaborativa e procurar integrar a vida pessoal e a vida profissional, com destaque para a entrada da geração Millenial no mercado de trabalho. “O co-working está crescendo. Hoje representa 1,5% do mercado, mas até o ano que vem 65% das empresas devem usar”, garantiu. 

Dora Kaufmann, doutora em redes digitais pela Escola de Comunicações e Artes da USP, destacou que vivemos um período de implementação da Inteligência Artificial em negócios e empresas, e que hoje ela entrega dois elementos essenciais: personalização e previsibilidade.

“Depois de implantada, os resultados serão muitos”, destacou. Participou com ela no painel sobre IA Marcelo Câmara, head de IA do Bradesco. Segundo ele, com a criação da BIA, a inteligência artificial do banco que interage com clientes, algumas descobertas interessantes foram feitas, como o seu maior uso em relação ao call center para consultas sobre assuntos delicados ou que, de alguma forma, deixavam clientes constrangidos. “É uma mudança cultural importante”, avalia.

Flavio Cordeiro, sócio e head de planejamento da Binder, destacou no painel sobre novas linguagens de empresas e marcas, que a tecnologia entra na vida das empresas para mudar a maneira com que as necessidades básicas das pessoas são atendidas, de onde emerge a oportunidade para a inovação.

“A inovação acontece quando a tecnologia encontra uma necessidade humana básica. Muda as expectativas e acelera a inovação. Por isso tendemos a confundir inovação com a tecnologia. Mas a tecnologia mais disruptiva que existe é a cultura organizacional. A cultura é o sistema operacional onde se roda a inovação, e onde ela trava. No fundo estamos falando de gente, e de um mundo onde cada vez mais que as pessoas e a cultura formam o sistema operacional de inovação”, destacou.

Antonio Moreira Leite, CEO do grupo Trigo – que tem redes de restaurantes como Spoletto, Koni e Gurumê – diz que os elementos que permitem às empresas implementarem a transformação digital são humanos, relacionados a agilidade, humildade, curiosidade e principalmente ao trabalho colaborativo. “O sistema de franquias na sua essência, se explorado da maneira correta, já nasce colaborativo, onde não há chefes mas parceiros de negócios”, comentou.

O bate-papo que encerrou o encontro foi com o diretor artístico do coletivo de arte contemporânea OM.art, Oskar Metsavaht, sobre tecnologia e propósito impactante para o planeta.

“Percebi talvez cedo que sendo original, olhando para dentro e tendo as percepções dos desejos das pessoas e do comportamento da sociedade, tendo a sensibilidade de captar o zeitgeist do momento, se está à frente. Não é observar tendências, pois se você segue tendências, não está à frente. É uma das grandes vantagens de um espírito livre, humanista, sensível ao que lhe rodeia. A gente tem que aprender a imaginar. Não só ter conhecimento. Aprender a imaginar e saber transformar algo imaginário em um projeto. Estamos muito avançados em tecnologia e o diferencial deixou de ser o objeto em si, mas sua história e a experiência que ele gera para o indivíduo e para a sociedade”, disse o criativo.

No encerramento do evento, os sócios da Mox Digital  – Leclerc, Olivier Mourier e Maria Pidner – anunciaram não só o tema da conferência do ano que vem, “Futuros Possíveis”, como lançaram a ideia da premiação “Tech for good”, voltada para a tecnologia aplicada ao bem.