Marcas do grupo Bimbo sustentam compromisso com nutrição e produtos saudáveis

André Ramello, head de marketing da Bimbo Brasil, trabalhou quase oito anos na sede da empresa no México. Mais que diferenças, encontrou similaridades na relação das pessoas com marcas, conteúdo e mídia, além da alegria e receptividade característicos ao povo da América Latina. “Os principais movimentos de consumo são muito parecidos”, confirma o executivo, que retornou ao Brasil em junho do ano passado. A seguir, ele compartilha as suas experiências e percepções de temas que cercam a indústria da alimentação e da propaganda.

Como foi a experiência na sede da Bimbo, no México?
Já estava no quarto ano da Bimbo no Brasil, cuidava de bolos, panetones, tortilhas, quando apareceu, em 2015, a oportunidade de ir para o México, matriz da empresa, presente em 34 países. É importante para executivos passar um tempo lá, entender a cultura da companhia. Acabei ficando quase oito anos. Passei por diversas categorias, desde bolinhos até marketing de canal, de salgadinho, que é um segmento onde o grupo compete bastante lá fora. Em junho do ano passado, voltei para o Brasil.

É mesmo tão diferente o mercado em outros países?
A percepção é de que há situações que só acontecem no Brasil, mas não é assim, especialmente quando se consideram países latino-americanos. Estamos na América do Sul, óbvio que tem gap da língua e culturas. Porém, o Brasil é um país latino. O brasileiro é alegre e receptivo como o povo da região, e a relação com as marcas, conteúdo e mídia é parecida. Quando começou o boom de influenciadores, foi igual para Brasil e México. Discussões sobre a sobrevivência da TV aberta também são comuns aos dois mercados. Muda quando se compara com Europa e Estados Unidos. Mídia aberta no Brasil, México, Colômbia, Peru, Chile é tema importante. Tirando isso, os principais movimentos de consumo são muito parecidos.

André Ramello, head de marketing da Bimbo Brasil: principais movimentos de consumo são muito parecidos (Divulgação)

Quais tendências são absorvidas?
Nem sempre as novidades chegam de forma massiva. Nos Estados Unidos, qualquer estado que venda bem venderá mais que dois países da América Latina. A marca explode em apenas dois estados, mas vende o mesmo que uma gigante brasileira. Quando uma tendência começa a se popularizar nos Estados Unidos, já logo pensa que vai invadir a América Latina, e vai, só que, muitas vezes, demora um pouco mais, e vem com menos impacto e estabilização em algumas categorias que pareciam ser tendência. Há diferenças, mas vejo mais similaridades que contrastes entre os países, no mundo ocidental.

O que influenciou o mundo dos alimentos recentemente?
Profissionais de marketing que atuam no mercado de alimentos tiveram de acompanhar a evolução causada pelo movimento de health e wellness. No começo, gerou dúvidas sobre manter ou não sal, gordura, açúcar, mas aí a bússola mudou. O consumidor não quer restrição. Ele imagina que, se tirar açúcar, vem mais gordura, altera sabor, e coloca tanto químico que o mercado acabou indo para a tendência do natural. Ainda existe o nicho do radical, da comida de astronauta. Mas hoje, o que está funcionando é o alimento que entrega sabor, porque além do health, e isso é discussão de um ou dois anos para cá, tem o wellness, que inclui a saúde mental. Importante lembrar que o vínculo emocional com a comida ajuda no equilíbrio. É um ato social, de compartilhamento. Se o mundo não precisasse dessa relação emocional, já estaríamos tomando pílulas. Pesquisas mostram que um salgadinho, por ser crocante, libera o estresse. Já o doce, dá o conforto de um abraço. Hoje, o que se fala é, coma bem, de tudo, e pratique exercícios. Tudo o que vem como tendência é nicho, vai ter consumidor, mas não vai dominar o mundo porque sempre acaba-se voltando ao equilíbrio.

Como a empresa encara a onda da alimentação natural?
Pessoas, hoje, restringem ingredientes que elas não percebem tão naturalmente no alimento. Isso chama mais a atenção, no Instagram, TikTok, redes sociais, que a quantidade de carboidrato, proteína e gordura que o alimento possa ter. Há receio com alimentos hiperprocessados e como os ingredientes são digeridos pelo organismo. O quanto isso é importante? Só vamos saber isso lá na frente. Estamos na vanguarda desse tema no Brasil, com tecnologia e uma marca nova. Trabalhamos com Nutrella, marca de pães especiais, primeira e única totalmente natural até hoje no Brasil. Na Europa e Estados Unidos, o clean label já está muito presente. Em vez de mexer quimicamente, utiliza ingredientes naturais para conservar o produto.

Leia a matéria completa na edição de 8 de maio