Pesquisa identificou as ofensas, violências e ataques mais comuns feitos às religiões de matriz africana na internet

A Ogilvy Brasil junto com o Eixo Benguela, coletivo de promoção a diversidade racial e em parceria com as áreas de Data Intelligence e Social Media da agência, lançaram um estudo sobre intolerância religiosa nas redes sociais nesta sexta-feira (21), Dia de Combate à Intolerância Religiosa.

Segundo Nancy Silva, gerente de estratégia de conteúdo da Ogilvy, e integrante do Eixo Benguela, a principal missão do estudo é sensibilizar sobre a importância de debates mais saudáveis e de mais respeito em relação a fé.

"A fé é uma escolha muito íntima e um direito que deve ser exercido de forma livre", afirmou Nancy Silva, gerente de estratégia de conteúdo da Ogilvy e integrante do coletivo Eixo Benguela

“Chegamos à conclusão de que a maioria das conversas sobre intolerância religiosa na internet são estimuladas por notícias ou situações envolvendo violência, ataques e crimes, sobretudo, em relação as religiões de matriz africana. Essas conversas, combinadas ao preconceito racial e o clima polarizado das redes, apenas fortalecem o ciclo da violência”, afirmou Nancy.

A pesquisa identificou as ofensas, violências e ataques mais comuns feitos às religiões de matriz africana na internet e religiões como o Candomblé e Umbanda se destacaram pelo volume de menções.

Os termos mais associados negativamente a elas foram “volta para o mar, oferenda” (34.164 menções) e “chuta que é macumba” (53.742 menções), no período de 2018 a 2021. Já a palavra macumbeiro(a), foi mencionada mais de um milhão de vezes (1.321.128) no mesmo período.

Através da Nuvem de Palavras relacionadas ao termo “intolerância religiosa” nas redes sociais, a pesquisa também identificou que a temática está diretamente ligada a assuntos como “racismo”, “crime”, e outras palavras correlatas, como “respeito” e “direitos”.

Além do mapeamento das ofensas diretas e principais termos relacionados a intolerância religiosa, o estudo observou também nos emojis mais utilizados em conversas sobre as religiões de matriz africana.

O emoji de tambor, por exemplo, foi mencionado 2.090 vezes em citações referentes ao “atabaque” ou ao sacerdote “Ogan”. Já o emoji de pomba branca foi mencionado em 1.1176 conversas com referência a Oxalá. O orixá Oxossi é representado pelo emoji de arco-flecha em 969 conversas. Outras entidades do Candomblé também foram representadas por emojis, como Iansã (raio); Oxumaré (arco-íris), Exu (tridente + cartola), entre outros.

Como forma de informar possíveis vítimas em relação aos seus direitos, o levantamento traz ainda informações de órgãos públicos, da Constituição Federal e do Código Penal que amparam as pessoas em relação ao seu direito de expressar sua fé.

“O Dia de Combate à Intolerância Religiosa nunca foi debatido como data de reflexão.  Até porque descobrimos através do interesse das pessoas em buscas no Google que há muita dúvida para entender o termo ‘intolerância religiosa’. A proposta com o estudo é trazer a conversa de forma construtiva e educativa, inspirando uma troca mais respeitosa e empática. A fé é uma escolha muito íntima e um direito que deve ser exercido de forma livre, como é assegurado pela constituição”, finalizou Nancy.

A data foi criada no Brasil para homenagear todas as pessoas que, assim como Mãe Gilda, sacerdotisa do Ilê Axé Abassá de Ogum, foram vítimas de violência verbal, física e patrimonial.

Segundo dados do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, os boletins de ocorrência sobre discriminação religiosa somaram 261 registros no segundo semestre de 2020. O Candomblé lidera a lista de vítimas (23%), seguido pela Umbanda (14%), Catolicismo (14%) e Espiritismo (12%).