Refundar um negócio no auge de seus 70 anos pode ser visto por muitos como um movimento ousado. Principalmente, vindo de uma das agências mais respeitadas do mundo. Mas foi exatamente o que foi feito há um ano, quando a Ogilvy anunciou sua refundação, a fim de tornar sua operação global unificada, coesa e que suas marcas operassem juntas. Essas mudanças impactaram diretamente a operação brasileira, que nos últimos meses reconfigurou seu time de lideranças, criou novas atribuições e cargos, como o chief growth e chief delivery, e reconstruiu sua sede de forma mais aberta e integrada, refletindo o novo pensamento da agência, que atua com o conceito Make Brands Matter. Passados 12 meses da transformação, Fernando Musa, chief executive do grupo Ogilvy Brasil, fez um balanço positivo sobre o período. “Em um momento em que a gente se consolida numa marca só, a principal mudança são as pessoas. A transformação veio da própria equipe. No fim do dia, o que muda uma empresa, uma agência, são as pessoas que trabalham nela”.
O executivo se refere principalmente à chegada de André Gramorelli, ex-Facebook e hoje head de media da Ogilvy. Mais recentemente, a agência anunciou a contratação de Aline Veríssimo, chief delivery, e Letícia Arslanian, chief growth. Aline é responsável por toda a área operacional – da chegada do briefing à agência até a entrega do trabalho ao cliente –, enquanto Letícia tem o papel de entender como as capabilities podem ajudar na agenda de crescimento dos clientes. “A gente tem pensado em uma atuação menos presa a um modelo de trabalho e muito mais inteligente para entender o que é preciso ser feito para a estrutura funcionar. E para isso, ter perfis de pessoas completamente diferentes é fundamental”, revelou Musa.
Missão e resultados
A integração de líderes com novos olhares e responsabilidades trouxe reflexos nos negócios da agência. Não à toa, neste último ano, a Ogilvy ampliou sua cartela de clientes com a chegada do banco Safra, HBO, Schin E TIM, em consórcio com a J. Walter Thompson. “Estamos agora com a campanha de Safra Pay, em que montamos uma operação lá dentro. É uma conta que a gente tem um baita orgulho porque foi a primeira vez na história que o banco fez comunicação”, destaca Musa. Trabalhos para clientes mais antigos também ganharam destaque no período, como o filme para Baby Alive (Hasbro), e o Pet-Commerce, da Petz, que usou reconhecimento facial dos cães para que eles mesmos fizessem suas compras.
Refletindo sobre o cenário de mudanças, cobranças por desempenho e na essência do trabalho publicitário – fazer com que as marcas sejam importantes –, Musa destaca o poder da simplicidade. “Eu gosto dessa missão porque ela é simples. Na faculdade, eu costumava brincar que a gente estava ali apenas para fazer intervalo comercial. As pessoas não compram revista ou assistem TV para acompanhar a propaganda. No fundo, o desafio de qualquer marca é conseguir existir na desimportância importante que ela tem. Por isso se discute tanto experiência e serviço. A gente tenta criar conceitos e teorias, mas só precisamos fazer as marcas serem importantes para as pessoas”, finaliza.