Lévy e Wren assinam, em Paris, documento de decreta nascimento do Publcis Omnicom Group

 

Está confirmada aquela que configura a maior negociação da história do mercado da comunicação publicitária global até o momento – e que deve manter o posto por longa data. Na manhã deste domingo em São Paulo e Nova York, tarde em Paris, o grupo americano Omnicom e o francês Publicis Groupe anunciaram, em coletiva de imprensa extraordinária, a fusão de suas operações, gerando o Publicis Omnicom Group – o que consideram “uma fusão de iguais, criando a companhia líder em comunicação, publicidade, marketing e serviços digitais”.

A união da até então segunda e terceira operação da indústria forma uma holding que corresponde a um faturamento de US$ 22,7 bilhões – de acordo com resultados de 2012 –, gerando um valor de mercado de nada menos que US$ 35 bilhões. A nova potência supera com folga a atual líder, o inglês WPP, que reportou receita de US$ 15,6 bi ano passado, e forma uma empresa com mais de 130 mil empregados “que estarão excepcionalmente bem preparados para servir as necessidades de seus clientes, ajudando-os a construir suas marcas e crescer seus negócios diante do constantemente mutável panorama da comunicação”, informa o comunicado emitido por ambas as partes.

De acordo como documento, a combinação foi aprovada por unanimidade pelo board de diretores das duas companhias. Concretizada a negociação, a nova holding terá sob seu comando muitas das principais redes de agências do mundo, como BBDO, DDB e TBWA, vindas do Omnicom; e Saatchi & Saatchi, BBH, Leo Burnett e Publicis Worldwide, oriundas do Publicis Groupe.

“O panorama da comunicação e do marketing enfrentou mudanças dramáticas nos últimos anos, incluindo o desenvolvimento exponencial de gigantes da mídia e a explosão da chamada ‘big data’, tornando turva a visão dos principais players e modificando o comportamento do consumidor. Essa evolução criou, além de mudanças, enormes oportunidades para s clientes. John (Wren, CEO do Omnicom) e eu decidimos por essa fusão para beneficiar nossos clientes ao oferecer, juntos, a maior gama de serviços analógicos e digitais e, igualmente improtante, nosso talentoso pessoal com caminho para crescimento e sucesso diante de inteligência de estratégia, criatividade, ciência e tecnologia”, destacou Maruice Lévy, CEO e chairman do Publicis Groupe.

“Maurice e eu acreditamos que esta nova empresa reflete nossa visão de conservar o melhor talento, gerando um incrível rol de opções para nossos clientes. Omnicom e Publicis Groupe estão redesenhando a indústria ao definir um novo padrão de suporte aos clientes com uma mensagem integrada através das disciplinas do marketing e limites geográficos. Essa combinação nos permitirá potencializar as habilidades de nosso pessoal, nossa ampla oferta de produtos, maior presença global e uma incrível lista de clientes locais e internacionais. Resumindo: acreditamos que essa é uma fusão que vai colocar nossa companhia em um caminho para crescimento acelerado, com um sem-número de benefícios para nossos clientes, empregados e acionistas”, complementou Wren.

Lideranças

Tida como “uma fusão de iguais”, o Publicis Omnicom Group terá uma estrutura de liderança devidamente balanceada entre representantes de ambos os grupos. Lévy e Wren atuarão como coCEOs num período de adaptação de 30 meses, quando o francês se tornará chairman não-executivo e Wren continuará como único CEO. O fato resolve uma questão antiga do Publicis, que há pelo menos cinco anos buscava um sucessor para Lévy – que adiou por duas vezes a decisão de sua aposentadoria frente à ausência de um nome considerado preparado o suficiente para tocar o negócio.

A nova empresa terá ainda um board com 16 membros, tendo os coCEOs e sete diretores não-executivos oriundos de cada um dos grupos. Até o fim do processo de união, o atual chairman do Omnicom, Bruce Crawford, atuará como chairman não-executivo em metade do processo, com Élisabeth Badinter, atual chairperson do Publicis Groupe – e filha do fundador da operação francesa –, respondendo pelo segundo período, até a chegada de Lévy.

Ações

A aprovação unânime do board das duas holdings reflete o que parece ser um ótimo negócio aos acionistas. A sinergia entre as operações e seus serviços complementares, de acordo com o comunicado da empresa, deve gerar uma valorização de US$ 500 milhões à empresa. Colocadas como operações “de igual valor”, os 100% das ações das atuais holdings deverão refletir em 50% da Publicis Omnicom.

Os acionistas do Publicis Groupe receberão uma nova ação ordinária emitida pelo Publicis Omnicom para cada ação que possuem, além de um dividendo de € 1,00 por ação. Já os do Omnicom receberão 0,813 partes comuns emitidas pelo novo grupo para cada ação que possuem, em conjunto com um dividendo especial de US$ 2,00 por ação. Além disso, os atuais acionistas do Omnicom receberão até dois dividendos trimestrais regulares de US$ 0,40 por ação. O Publicis Omnicom Group deve ser listado como OMC na NYSE e na Euronext Paris.

A transação está sujeita à aprovação dos acionistas de ambas as holdings, bem como por um numeroso grupo de entidades regulatórias. A conclusão total do processo deve acontecer entre o último trimestre de 2013 e o primeiro de 2014. Entre as agências brasileiras integrantes da nova holding estão AlmapBBDO, DM9DDB, Lew’LaraTBWA, F/Nazca S&S e Leo Burnett Tailor Made, Publicis Brasil, Talent, DPZ, Neogama/BBH, QG, AG2 Publicis Modem e Publicis Red Lion.