“A Revolução Cognitiva deu início à história, há cerca de 70 mil anos. A Revolução Agrícola a acelerou… A Revolução Científica, que começou há apenas 500 anos, pode muito bem colocar um fim à história e dar início a algo completamente diferente” – Yval Noah Harari. No seu livro Sapiens, o professor Harari conta como essas três revoluções afetaram os seres humanos e o ecossistema mundial. Como profissionais de propaganda, e sem pretensões, procuramos abordar aspectos sobre como a Revolução Digital vem mudando o mundo desde a chegada da internet, na década de 1990.
O que me fez escrever sobre este assunto foi a aceleração das mudanças na vida das pessoas e empresas, mais percebidas com a pandemia da Covid-19, dado o isolamento social e trabalho home office. Também me impactou uma palestra de Martha Gabriel, onde ela descreve como vê o mundo on e offline.
Nos últimos dez anos, as mudanças no mundo digital tornaram-se mais marcantes e aceleradas. As empresas, a cada nova ferramenta ou canal de comunicação que surgia, entenderam a magnitude das transformações. A comunicação on tornou-se indispensável e selou o fim da separação on e off. A internet ficou acessível no celular e as pessoas passaram a trabalhar, estudar e curtir o lazer no mobile. Os smartphones incorporaram novas funções, permitindo a transmissão de vídeos, a mensagem de voz, a gravação de momentos vividos em tempo real e seu instantâneo compartilhamento.
Banda Larga: Novo Salto
A banda larga foi a tecnologia decisiva para um novo salto. Antes, nós precisávamos gravar o conteúdo em um meio físico e levá-lo para o destinatário. A banda larga nos levou a toda parte. É o efeito do processo ubíquo, que se caracteriza pela possibilidade de estarmos em uma reunião em Beijing, falarmos com uma pessoa em casa e dialogarmos com alguém no Rio. Atualizamos Jules Verne. Fizemos a volta ao mundo em 80 minutos. Outro passo foi a banda larga móvel, que permitiu às pessoas se deslocarem carregando consigo suas conexões. A integração on e off cresceu, e se expandiu exponencialmente com a banda larga móvel, dentro da pasta de homens, bolsas de mulheres e mochilas de jovens. O celular se tornou indispensável e, hoje, existem seis bilhões de celulares no mundo.
Segundo Martha Gabriel, não existe mais online e offline. A soma dos dois é o one line. É o que ela chama de cibridismo. Cíbrido é o cyber híbrido. É um corpo formado de duas partes que coexistem. Essas duas partes são a humana e a tecnológica. Juntas, facilitam a vida das pessoas.
Cibridismo
Trazer esse conceito de cibridismo para a atividade publicitária significa pensar a comunicação mais que integrada, cíbrida. As agências do mercado baiano estão bem atentas a estas mudanças e vêm se reinventando a cada dia. Sabem que é necessária uma formação acadêmica diferente da que temos hoje, estão revendo a “arquitetura” das suas estruturas e investindo na requalificação dos seus profissionais.
Somos todos parte de uma reinvenção do pensar de forma “global”, de uma globalidade multifacetada. Na propaganda, temos de atingir públicos múltiplos, em múltiplos locais e através de múltiplos canais. O desafio é buscar definir “mensagens criativas e abrangentes” para o público-alvo e traduzi-las para cada cluster, isoladamente. As ferramentas desenvolvidas pelo ser humano não serão capazes de criar estas mensagens automaticamente. O publicitário continuará indispensável para criá-las. Hoje, é hora de dar o salto para a comunicação one line. É mais um avanço tecnológico, que muda nossa forma de se comunicar, de criar e de viver.
Vera Rocha Dauster é presidente do Sinapro-Bahia e CEO da Rocha Comunicação
(vera@rochacomunicacao.com.br)