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O mercado de TV por assinatura no Brasil é controlado por algumas poucas e grandes operadoras. Esse cenário, no entanto, pode mudar. No fim de outubro, a operadora de telefonia, TV a cabo e internet americana AT&T anunciou a compra da Time Warner – transação que ainda precisa ser aprovada por entidades regulamentadoras dos Estados Unidos. O acordo, se concretizado, pode vir a ter reflexos no Brasil.

Isso porque a AT&T é detentora da Sky, hoje a segunda maior operadora de TV por assinatura do país, com mais de 5 milhões de assinantes em sua base, atrás apenas da Net, do Grupo América Móvil, que tem 9,5 milhões de clientes. Pela lei brasileira, não é permitido que uma empresa de conteúdo seja a controladora de uma empresa dona da infraestrutura de telecomunicações.

Segundo informações prévias, o acordo da AT&T com a Time Warner giraria em torno de US$ 85 bilhões, o que seria a maior operação de fusão no mundo este ano. No Brasil, o reflexo dessa transação bilionária recairia sobre a Sky, que transmite canais com conteúdo da Time Warner, como o Warner Channel e a HBO, por exemplo. Na ocasião do anúncio da fusão, o presidente da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), Juarez Quadros, disse que o órgão está preparado para analisar a fusão, se necessário.

Enquanto isso, o mercado de TV por assinatura e as operadoras brasileiras seguem um ritmo que sofre com a crise econômica, mas ascende com novas tecnologias e a esperança da retomada da economia.
Em entrevista ao PROPMARK em setembro, antes da compra ter sido anunciada, Alex Rocco, diretor de marketing da Sky, falou sobre o momento em que a operadora vive no Brasil.

“O mercado estava mais difícil no ano passado, mas, para a Sky, o mercado está mais estável e estamos conseguindo encaminhar melhor as nossas metas”, afirmou. “E eu falo isso porque a gente começa a colher frutos de muito trabalho que a Sky fez principalmente no ano passado, como a reformulação de portfólio, por exemplo”, completou.

Rocco ainda complementa e garante que a Sky se preparou para esse momento. “Já vínhamos fazendo a lição de casa”, disse. “A crise trouxe a redescoberta da casa, porque tudo está mais caro: ir ao shopping está caro, sair para comer está fora da realidade. E a TV por assinatura vem para suprir essa necessidade”, afirmou.

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Na Oi TV, os números de agosto, conforme o último relatório divulgado pela Anatel, garantiram à operadora o melhor desempenho do mercado pelo sexto mês consecutivo. “O serviço de TV por assinatura da Oi contabilizou 1.242.416 assinantes, o que representa um crescimento de 5,2% no comparativo com o mesmo período do ano passado e de 1,5% com relação ao mês anterior. A Oi TV foi a detentora de 42,3% do total de adições líquidas do mercado, 13 pontos percentuais a mais do que o segundo colocado. O serviço da Oi registrou a adição líquida de 18.407 clientes, o que representa um crescimento 21,3%, no comparativo com o mês anterior”, detalha o diretor de produtos do segmento residencial da Oi, Ermindo Cecchetto Neto.

Novas tecnologias
Na opinião do executivo, o sucesso da Oi TV se deve, principalmente, ao lançamento do Oi Total, produto convergente que agrega serviço móvel, banda larga, TV por assinatura e fixo, que foi responsável por 70% das vendas da operadora nesse período. Ele destaca também o Oi Play, serviço de TV everywhere.

“Nota-se uma mudança cada vez maior no comportamento de consumo dos clientes na medida em que novos serviços são lançados e o conhecimento dos clientes sobre conteúdos on demand e multitela vai se ampliando. Esses conteúdos se tornam ótimas oportunidades para gerar novas demandas e incremento de receita, como já tem sido visto em outros mercados, como os Estados Unidos. A convivência entre os serviços over the top e de TV paga é possível quando se estabelece uma proposta de valor relevante para o consumidor”, ressalta Neto.

“Sem dúvidas, a tela grande é bastante privilegiada, mas podemos afirmar que o consumo de TV por assinatura em outros dispositivos já é uma realidade no Brasil e no mundo”, acrescenta o executivo, que acredita na retomada do crescimento da TV por assinatura no Brasil quando a crise econômica cessar.

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Alessandro Maluf, diretor de produtos vídeo da América Móvil, dona das operadoras NET, Claro e Embratel, também atribui a desaceleração do setor – que teve seu auge em 2014 e depois viu sua base de assinantes encolher (leia na página 22 matéria com o presidente da ABTA) – graças à crise econômica. “O mercado de TV por assinatura no Brasil oferece muitas oportunidades de crescimento e penetração nos lares. Houve retração, reflexo da crise econômica, mas acreditamos que o crescimento será retomado em breve. Vale lembrar que os índices de audiência dos canais de TV por assinatura mostram que a TV está na sua melhor forma, que o acesso ao serviço on demand vem crescendo e ajuda a atrair o cliente”, disse.

Segundo o executivo, mesmo com as adversidades econômicas, a empresa segue investindo. “Como em qualquer setor, a economia do país tem impacto direto na adoção dos serviços. No nosso caso, estamos crescendo acima do mercado, e ainda assim acreditamos que é o momento de investir em entrega de mais qualidade e variedade da programação, que são a essência da nossa oferta de TV por assinatura. Além disso, investimos muito para criar a maior plataforma de distribuição de conteúdo sob demanda do Brasil e uma das maiores do mundo. Acreditamos muito na importância e na força da TV, e estamos trabalhando para deixá-la cada vez mais atrativa”, pontuou.

A Vivo TV também foi procurada pela reportagem, mas até o fechamento desta edição não havia se manifestado.