1. A opinião pública e as manchetes dos jornais podem não interessar ao ministro Luís Roberto Barroso, do STF, o “novato” da Corte, segundo seu par Marco Aurélio Mello. Reina, porém, uma sede de justiça na grande maioria da população brasileira, que deve ser levada em conta por quem julga segundo a sua consciência.

Vox populi, vox Dei, ensinavam os antigos latinos, cuja sabedoria sedimentou o desenvolvimento da cultura ocidental. Se o que dita a consciência do julgador está em dissonância com a voz do povo, sua reflexão deve ser ainda mais profunda.

Deve levar em conta nesse exercício que não se trata da opinião pública de um distante rincão do país, provavelmente em condições precárias ainda de uma melhor análise dos fatos em questão, ou então sob a influência de duas ou três lideranças locais, que nesse tipo de cenário nem sempre agem de boa fé.

Estamos falando da grande maioria da população brasileira, que ultrapassou muito recentemente a casa dos 200 milhões de habitantes.

Em todo caso, se mesmo assim o emérito julgador prosseguir solidário exclusivamente aos ditames da sua consciência, que ela esteja iluminada quando julgar o mérito dos embargos infringentes, caso sejam admitidos com o voto do decano do STF.

Em seu aparte ao colega Marco Aurélio Mello, o ministro Barroso reconheceu ter errado algumas vezes na vida, o que se inclui (no mínimo) na biografia de qualquer ser humano.

A pergunta que salta da sua grata observação é se o seu voto de quinta-feira não se inclui nesses erros.

De qualquer forma, mesmo admitidos os embargos infringentes (o que é dado como certo pelos advogados dos réus, com base em declarações anteriores do ministro Celso de Mello sobre o tema), ainda resta o julgamento do mérito desse modelo de recurso processual colocado em xeque pela mais alta Corte de Justiça do país, na sua última sessão plenária.

Acreditamos que com a consciência todos votam. Resta aos que clamam por justiça esperar que a consciência de cada um esteja impregnada de sabedoria elevada ao seu grau máximo. E aí se incluem vários fatores, além dos simplesmente necessários para o julgamento de pessoas, como destacou o ilustre magistrado no seu aparte.

Porque se de um lado há pessoas sendo julgadas, do outro há todo um país cansado de assistir a toda sorte de injustiças no seu cotidiano.

Embora a Ação Penal 470 julgue pessoas, ela se reveste por tudo o que envolveu e envolve, em um marco divisório no país.

Seu resultado final poderá indicar o início do procedimento mais sério da nossa História no combate à corrupção política. Ou, simplesmente, deixar tudo como está para ver como é que fica, como em tantas vezes anteriores e cujo exemplo mais recente foi-nos dado pela Câmara Federal deixando de cassar o mandato do deputado Natan Donadon, transformando-o no primeiro presidiário-parlamentar da nossa República, mesmo após a sua condenação pelo STF.

2. Sempre atento à opinião pública, o empresário-publicitário Nizan Guanaes comemorou com júbilo a aquisição pelo Grupo ABC do controle majoritário da CDN (João Rodarte), a segunda maior agência de RP do país.

Além de dar musculatura a mais um braço do maior grupo brasileiro de comunicação do marketing, a CDN representará simbolicamente para o ABC o atingimento já então garantido de um faturamento de R$ 1 bilhão neste ano surpreendentemente ruim para seu segmento de atuação, o que não é – e sobram evidências disso – por ele compartilhado.

Guanaes aproveita mais um momento bom e com a devida marca de faturamento a ser atingida para lembrar aos seus críticos que nada resiste ao trabalho, caso ele se desenvolva com empenho e talento.

3. Com o Cannes Lions 2014 já definido para a semana de 15 a 21/6, um desses dias será dedicado ao Brasil, conforme informação colhida junto à alta direção do festival.

Segundo maior país em importância para o Cannes Lions em 2013, tanto no quesito inscrições de trabalhos como de delegados (incluímos por nossa conta também jornalistas, cujo total de profissionais do nosso país ocupa não o segundo, mas o primeiro lugar no festival), o Brasil terá o seu dia em 2014 também para estimular que os nossos compatriotas mantenham a sua média histórica de frequência nos últimos anos, já que a Copa do Mundo poderá reter uma boa parte dos nossos profissionais nas suas bases.

Este editorial foi publicado na edição impressa de Nº 2466 do jornal propmark, com data de capa desta segunda-feira, 16 de setembro de 2013