A crise gerada pela pandemia tem tido diversas fases. A primeira delas foi a da negação. Quando ainda estava restrita à Ásia, mais especificamente na China, começando na Europa e os casos no Brasil eram ainda muito poucos, com nome e endereço dos infectados, todos eles com passagem pelo exterior, muitos desdenharam. É uma gripezinha…

Eu mesmo, no dia 1º de março, entrevistei o dr. David Uip, médico que está à frente do centro paulista de controle da epidemia, e ouvi dele que, segundo o Ministério da Saúde, não havia motivos para cancelamento ou adiamento de eventos no Brasil. Entrevista que compartilhei amplamente para milhares de profissionais da área de eventos.

Dias depois, foi a vez de João Doria, numa coletiva no Palácio do Governo de São Paulo, reforçar que ainda não era hora de estabelecer qualquer regime excepcional, inclusive reiterando que os eventos deviam continuar normalmente.

Mas o que vimos foi uma progressão geométrica no processo de contaminação e o consequente estabelecimento da condição de pandemia, o que logicamente fez com que as autoridades, em poucos dias, mudassem o discurso.

Nem todos, é verdade. Mas, para aqueles de bom senso, era a hora de evitar aglomerações. Aí veio a fase da mudança de hábitos, mas ainda sem radicalismos. Comércio, escritórios, restaurantes, tudo ainda funcionando normalmente, mas já com a recomendação de cuidados especiais. Foi a fase do lavar as mãos e usar álcool em gel, mas continuar a viver a vida normalmente.

Esse período não durou muito. À medida em que os casos de contaminação já não eram facilmente rastreáveis, inaugurou-se a fase da quarentena, que é a que estamos vivendo agora.

Com exceção dos serviços essenciais, todo o resto teve de fechar as portas e se adequar a um regime de home office, delivery e trabalho à distância. Os aplicativos de videocalls e lives bombando, enquanto outros setores amargam certamente a pior crise econômica da história moderna. É a fase da resiliência. Do malabarismo para manter negócios, alguns deles tendo seu faturamento zerado integralmente. Que fase! E tome notícias assustadoras na mídia. Gráficos com a escalada geométrica de casos de contaminação cruzando com dados sobre mortes em todo o país.

Curvas com as quais não estávamos acostumados. A ameaça da falta de leitos para atender um número crescente de infectados. Uma série de horror, que ainda está nos seus episódios iniciais, com um final difícil de prever. Mas há uma nova fase se avizinhando: a fase da retomada.

Mesmo convivendo com o caos, os governantes mais sérios já começam a levantar a cabeça para olhar no horizonte e tentar antever a descida da famosa curva, que é determinante para uma distensão da quarentena. Em outros continentes, já percebemos com certo alívio um retorno, ainda tímido, à normalidade. E aí parece estar começando a fase dos protocolos.

A questão principal agora é: como voltaremos? Espera-se uma retomada gradual e cuidadosa. Para cada setor, deve haver um protocolo para que evitemos uma volta do traço para cima da tão temida curva.

Por força da minha atuação no setor de live marketing, tenho estado envolvido diretamente na formatação de protocolos para o retorno dos eventos e das atividades de live.

Eventos?! Aglomerações?! Não é cedo para se pensar nisso? Não é, não. Para voltar com segurança e responsabilidade, é preciso muita preparação prévia. É necessário, por exemplo, que os espaços para eventos estejam preparados para uma higienização especial.

É necessária uma série de adaptações para receber o público com segurança. E tudo isso tem de ser minuciosamente estudado para o estabelecimento dos protocolos.

Acostume-se a esse termo: protocolo. Ele vai fazer parte da sua vida nessa fase, que todos esperamos seja o episódio final de uma série incômoda, que ninguém aguenta mais acompanhar.

Alexis Thuller Pagliarini é presidente-executivo da Ampro (Associação de Marketing Promocional) alexis@ampro.com.br