Em uma vida passada, decidi estudar engenharia eletrônica. Eu me considerava uma pessoa de números e ciência e queria dedicar minha vida a desenvolver soluções tecnológicas.

Durou pouco.

Depois de uma pequena crise existencial, acabei mudando meu foco para comunicação social e psicologia, o que me levou à carreira em propaganda, marketing e comunicação. Uma reviravolta, aparentemente, bem radical.
Levou um tempo para compreender exatamente por que fiz aquela mudança e como cheguei no meu caminho atual.

Levou ainda mais tempo para perceber que, talvez, eu poderia ter continuado como engenheiro, porque acredito que importa menos o que você faz, e mais o porquê o faz.

As pessoas sempre me inspiraram. Os meandros das suas motivações, às vezes óbvias e, às vezes, tão difíceis de entender. Sabedoria e tolice, coragem e covardia, amor e ódio, egoísmo e consideração.

Tudo junto, tudo misturado. Máquinas perfeitas e contraditórias. Afinal eu queria mesmo ser engenheiro, só que da alma.

Nos últimos 15 anos, a tecnologia mudou a nossa indústria significativamente.

Contamos com dados e ferramentas antes inimagináveis.

Como ex-futuro engenheiro, acho isso muito interessante, porque o conhecimento pode nos ajudar a tomar melhores decisões na comunicação.

Mas acho também que existem algumas armadilhas.

Os dados mais fáceis, que criam segurança para os executivos, ainda tendem a ser superficiais e funcionais. Estamos longe de decifrar a alma humana puramente com tecnologia.

O maior potencial das redes está em facilitar a interação humana e poder ouvir, mais do que nunca, opiniões e análises das mais variadas.

Opiniões e análises de pessoas, que ainda possuem a tecnologia mais sofisticada para entender as motivações e os sentimentos de outras pessoas: uma mente humana.

O que move os seres humanos e como construímos narrativas capazes de influenciar o comportamento, isso eu acho fascinante.

A nossa espécie entendeu há milhares de anos que só lembramos das coisas quando elas estão inseridas em uma narrativa relevante e engajadora.

Aqueles encontros ao redor da fogueira, em que os anciões da tribo contavam histórias, não eram o precursor da Netflix.

Eram as primeiras campanhas de comunicação da humanidade. Histórias memoráveis que continham alguma moral importante, alguma informação necessária para sobreviver ou evoluir no tempo.

A segunda profissão mais antiga do mundo foi a de marqueteiro.

Hoje precisamos lembrar disso e combinar tecnologia com o que fazemos instintivamente há milênios: ler a alma humana e contar histórias que outros queiram lembrar.

O que me inspira? Você me inspira.

Obrigado por existir e dedicar seu tempo em ler o que escrevi.

Martin Montoya é sócio e CEO da agência ISLA