Ninguém tem dúvida: educação é chave para uma transformação positiva! O mundo está cheio de exemplos de como países elevaram seu IDH via educação.

Não precisamos ir longe, no nosso dia a dia, ouvimos histórias emocionantes de famílias que orgulhosamente exibem filhos que conseguiram ter educação de qualidade, conquistando uma vida muito diferente da dos seus pais e avós.

Por isso, precisamos escolher governantes que deem a devida importância à educação, proporcionando oportunidade de estudo a todos. É assim que mudaremos as gerações futuras.

Já passou da hora de revertermos uma situação que se arrasta por séculos. É exasperante percebermos que mais de ¼ dos brasileiros são considerados analfabetos funcionais (sabem ler, mas não compreendem o sentido daquilo que leem).

Portanto, eu tenho total consciência de que a questão da educação no Brasil é bem mais complexa. Mas não consigo deixar de imaginar como seria se incluíssemos nos currículos escolares de todos os níveis o ensino dos princípios ESG.

Sim, desde o ensino fundamental até o superior. Antes que você me rotule de utópico (não seria a primeira vez), permita-me desmistificar o tal do ESG.

Muitos já sabem que essa sigla abrange conceitos de responsabilidade social e ambiental e também de governança ética. Não seriam esses conceitos sofisticados demais para levar ao ensino fundamental, por exemplo?

Para responder, precisamos trocar essas 3 letrinhas em miúdos. Vamos lá: O E vem de Environmental, palavrinha inglesa difícil, mas fácil de traduzir para o português.

Estamos tratando de meio ambiente, de aquecimento global, de lixo, de poluição, de água, de energia.

Não é difícil fazer uma criança entender a importância e incorporar hábitos de usar água com parcimônia, de apagar as luzes de espaços que não estamos usando, de separar lixo, de evitar poluir rios e mares...
Aliás, as crianças são as primeiras a patrulhar o comportamento dos adultos, depois de sensibilizadas por informações preocupantes quanto às questões ambientais.

Já no ensino médio e superior, é preciso incluir no conteúdo programático das aulas todas essas questões.

Só para citar algumas competências, administradores precisam aprender a fazer gestão de negócios respeitando o meio ambiente, os engenheiros a projetar obras com menor impacto ambiental, os advogados a conhecer todas as implicações jurídicas e os riscos das más práticas ambientais.

Com o S, de Social, é preciso incutir nos estudantes, desde cedo, a importância da prática de DE&I – Diversidade, Equidade e Inclusão; execrar qualquer tipo de preconceito, pregando o respeito a todas as pessoas, independentemente da sua aparência física, gênero, raça ou origem.

E, finalmente, dar ênfase aos princípios éticos, de justiça, transparência e respeito da liderança, fazendo professores darem exemplo na condução respeitosa das aulas e no trato com os alunos.

São conceitos que deveriam estar entranhados no currículo escolar, já que dependemos da sua observância para garantir sobrevida à sociedade, perante as ameaças que enfrentamos. Desnecessário enfatizar o momento crucial que estamos vivendo, com as mudanças climáticas e o consequente aquecimento da Terra, que já alcança um perigoso aumento de 1,5°C, em relação ao início da era industrial.

Do lado social, continuamos a alargar o fosso da desigualdade, com uma incômoda concentração de riqueza convivendo com centenas de milhões de miseráveis, além da insegurança existente no mundo nos dias de hoje.

Precisamos criar novos líderes, mais éticos, mais sensíveis e conscientes. E isso só se dará com a capacitação de educadores e o desenvolvimento de sistemas educacionais coerentes com essa nova realidade.

Que o letramento ESG comece desde as primeiras experiências educacionais. Só assim garantiremos futuro às futuras gerações.

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br