Muitos teóricos, escritores e estudiosos dedicam seu tempo a definir bem novas tendências por meio de siglas e nomes complexos. Eu que não iria ficar de fora dessa tendência intelectual e por isso criei os meus três pilares sociais, que defini com uma criatividade ímpar de 3 P’s.
No fim de 2019, havia criado para a MChecon o projeto 20>30. Pautado pelo ESG e pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, os ODS’s, nossa agenda tinha como objetivo definir quais atitudes tomaríamos para ampliar nossa atuação social e minimizar nossos impactos ambientais. Veio a pandemia e tivemos de recalcular toda nossa rota, pausando assim o projeto.
Entramos em 2022, a tal Ômicron ainda persistia em nos atormentar, mas nunca negamos a ciência, sua eficácia e sabíamos que poderíamos buscar os projetos pausados para retomá-los. Em mais um espasmo de genialidade, o projeto batizado como Agenda 20>30, criado em 2020 que terminaria em 2030, atualiza-se e em 2022 passa a ser a Agenda 22>30.
É chegada a hora de colocarmos tudo no papel, mas era fundamental determinarmos algumas premissas, afinal, não dá para sair fazendo sem eira nem beira. Eis que trago o propósito, permanência e protagonismo como nossos pilares – para os mais desatentos, os 3P’s surgem das iniciais dessas três palavras.
Comecemos pelo mais importante e um tanto clichê atualmente, o Propósito.
Olhando sua definição temos: (1) Intenção de fazer algo; (2) Aquilo que se busca alcançar, objetivo, finalidade, intuito. Conclusão um tanto quanto fria se não ajustarmos nossa intenção, ou seja, precisa ter um compromisso com uma causa, com algo que seja capaz de trocar o egoísmo por altruísmo. Que seja capaz de nos mover em direção a algo genuinamente responsável e transformador e se conecte com nossos princípios mais básicos, que serão capazes de nos mover nessa direção.
O segundo pilar é a Permanência. Em um mundo volátil e incerto, toda e qualquer mudança tem um prazo de validade muito curto, porém, mudanças genuínas exigem atitudes perenes, quando não permanentes. Não dá para neutralizar carbono por 6 meses ou entregar kits menstruais para mulheres em situação de vulnerabilidade somente por um mês, afinal, no mês seguinte emitirei novamente todos meus gases e elas menstruarão mais uma vez.
O pilar do Protagonismo surgiu após os resultados de uma pesquisa que a Gerando Falcões, por meio do Instituto Sonhar Alto, aplicou na favela da Barra de São Miguel, em Cumbica. Nela, 100% dos entrevistados disseram sentir constrangimento em participar de eventos culturais pela sua origem social. Um dado que realmente nos fere e demonstra o quanto eles vivem à margem da sociedade, sob a condição do abandono e não se sentem dignos de desfrutarem de coisas que nos deparamos em nosso cotidiano.
Protagonismo não se trata de pegar para nós o papel principal da próxima novela das nove, mas darmos esse direito às pessoas que beneficiamos. É criar uma atmosfera inesquecível com ações simples, mas que gerem o sentimento de pertencimento. Que eduque, transforme vidas e faça que elas sejam capazes de serem responsáveis pela própria transformação pessoal e/ou da comunidade ao seu redor.
Fazer parte da mudança não requer apenas vontade, requer coragem e um apetite voraz pela transformação. Não aceitar menos do que o minimamente necessário. E tomar muito cuidado com quais batalhas resolvemos participar, afinal, como diz Guimarães Rosa, “Quem elegeu a busca não pode recusar a travessia”, é preciso começar algo e terminar.
Rafael Mattos é sócio e head de marketing e inovação da MChecon Cenografia