Às vezes, as organizações me perguntam: Diversidade e inclusão é um caminho obrigatório ou uma empresa que ainda não está preparada pode adiar ou até mesmo não seguir este caminho? Acho que a resposta é simples: quando temos um problema de visão temos a opção de ir a um oftalmologista ou continuar por aí com uma visão turva, tropeçando.

É possível adiar ou não se tratar, mas temos que ter a consciência de que vamos andar mais lentos e com muito mais dificuldade no mercado do que os concorrentes com visão ampla, que vestiram as lentes da diversidade e optaram por desenvolver produtos e serviços que atendem os desejos dos clientes deste Brasil, grandioso e diverso.

Um estudo do Instituto Locomotiva apontou que 69% das mulheres entendem que não são retratadas de forma adequada, 90% dos negros acreditam que os protagonistas das campanhas publicitárias são em sua maioria brancos. Segundo o mesmo estudo, nada menos que 88% dos consumidores acreditam que as empresas não se importam com os clientes, mas apenas com o lucro.

Os dados acima mostram que as empresas estão com dificuldade de enxergar o mercado como ele realmente é. Abrir espaço para a diversidade, eliminar os pontos cegos do negócio e ter clareza da realidade para tomar a melhor decisão possível trarão uma enorme vantagem para aquelas que se propuserem verdadeiramente a fazer isso.

Dados da consultoria McKinsey & Company mostram que abrir espaço para as diferenças aumenta em até 70% a chance de uma empresa evoluir e se destacar frente à concorrência.

Quem desperdiçar esse potencial abrirá mão de ser protagonista das transformações mais marcantes do nosso tempo e caminhará em marcha (bem) mais lenta do que os competidores com visão ampla, capazes de criar ambientes de trabalho, produtos e serviços que contemplam todas as nuances do país.

E se queremos ser protagonistas e surfar nos benefícios que todos ganham nos ambientes diversos e inclusivos, temos que estar atentos ao processo de cultura destes novos tempos.

Geralmente, as companhias iniciam o processo pela etapa das vivências e dinâmicas. E nesta fase, apresentamos a Diversidade a partir de cada um dos grupos minorizados que queremos incluir na empresa. Promovemos, por exemplo, a semana de igualdade racial, ou roda de conversa sobre o empoderamento feminino, ou um evento para tratar da masculinidade tóxica. Todos os assuntos são importantes e pertinentes. Mas observamos que apenas um pequeno grupo de colaboradores usufrui do investimento realizado pela empresa. Sem entender bem os benefícios coletivos da Diversidade e Inclusão, a maioria dos colaboradores tende a não participar desses eventos, por entender que outras pessoas, pertencentes aos grupos o farão.

Para que a diversidade seja abraçada por todos é preciso despertar a consciência de que para alavancar os resultados de nossa empresa, temos que garantir que os grupos minorizados estejam presentes. Que as nossas diferenças são o nosso maior patrimônio, e que elas geram conflitos sadios que nos abastecem de informações importantes para mantermos um bom clima organizacional e uma estratégia sustentável e lucrativa para o negócio.

Então, tenha coragem de encarar e entender este futuro próximo onde mulheres, negros e idosos dominarão o consumo do mercado. E é só desta maneira, abrindo espaço e incluindo as diferenças no negócio, é que conseguimos garantir um processo natural e bem-vindo de bons resultados.

Ronaldo Ferreira Júnior é conselheiro da AMPRO – Associação Nacional das Agências de Live Marketing e sócio-fundador da um.a #diversidadeCriativa, agência especializada em eventos, campanhas de incentivo e trade