Lugar de mulher é em casa, cuidando dos filhos e do marido. Estereótipos como esse estão mais do que ultrapassados, mas vez ou outra ainda se escuta esse tipo de comentário machista no meio corporativo. Recentemente, um executivo foi praticamente cancelado ao dizer algo parecido com isso.

Novos dados divulgados no fim do ano passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, segundo o Censo 2022, a proporção de mulheres responsáveis pelo sustento dos domicílios avançou e já se equipara à dos homens.

Entre as pessoas responsáveis pelos lares brasileiros, 50,9% são homens (37 milhões) e 49,1%, mulheres (36 milhões). Em 2010, o percentual de homens responsáveis pela casa era 61,3%, enquanto o de mulheres chegava a 38,7%.

Um dos maiores desafios das mulheres no mercado de trabalho, no entanto, continua sendo ocupar cargos de liderança nas empresas. Apesar dessa participação ter passado de 35,7% em 2013 para 39,1% em 2023, ainda está longe de ser ideal. Os dados são do levantamento Mulheres no Mercado de Trabalho, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Vale lembrar que, em 2023, o governo federal sancionou uma lei que garante igualdade salarial entre homens e mulheres. Com a nova legislação, empresas com cem ou mais funcionários devem fornecer relatórios semestrais transparentes sobre salários e critérios de remuneração.

Apesar desses avanços, a capacidade profissional feminina é colocada à prova constantemente e carrega um viés estereotipado. No mercado publicitário, não é diferente. Reportagem de capa nesta edição mostra a feminização no atendimento das agências. Afinal, por que há tantas mulheres trabalhando nessa área? As justificativas vão desde qualidades ligadas à empatia, organização, sensibilidade e escuta para conciliar situações adversas.

A matéria apresenta pesquisa realizada pela publicitária Juliane Batistella Martins, que venceu a categoria Monografia do ‘Concurso Universitário de Trabalho de Conclusão de Curso Ricardo Ramos’, promovido pela Associação de Profissionais de Propaganda (APP) no fim do ano passado. Ela investigou os fatores que levaram à normalização de mulheres no atendimento das agências ao longo dos anos.

Segundo o estudo, a associação com atributos considerados tipicamente femininos reforça estigmas de gênero e desigualdades estruturais. Os depoimentos obtidos na pesquisa reforçam os rótulos. “Até se a gente olhar no todo, existem muitas mulheres que atendem, né? Não só no atendimento de agência”.

A reportagem ouviu algumas das principais lideranças do mercado, que rebatem os estereótipos e comprovam que a ideia de que mulheres “servem” ainda persiste em salas de reunião e briefings, como, por exemplo, homens direcionarem para as mulheres a tarefa de anotar tudo.

O momento pede uma outra visão, como a de que as mulheres performam bem no atendimento porque sabem liderar negociações complexas e dominam estratégias de alto impacto, habilidades que, por muito tempo, foram tratadas como exclusividade masculina.

Marketing Best
Foi dada a largada para o Prêmio Marketing Best 2025! Organizada desde 1988 pela Editora Referência, que edita o propmark, a premiação está com as inscrições abertas até 30 de abril. As empresas podem se inscrever no site marketingbest.com.br. Matéria nesta edição traz mais detalhes sobre o regulamento e a organização.

Frase:  "O grande segredo da vida é que não há nenhum grande segredo. Seja qual for o seu objetivo, você pode chegar lá se estiver disposto a trabalhar” (Oprah Winfrey).

Armando Ferrentini é publisher do propmark