Levantamento recente do instituto americano Gallup mostra o quanto nossa sociedade carece de ações para restaurar o bem-estar, a saúde mental e a qualidade de vida. É que, ao serem perguntados sobre experiências ou sentimentos negativos recentes, 40% dos adultos de 115 países citaram ‘preocupação’ e ‘estresse’, espontaneamente. É fato que cada um de nós precisa fazer o que for preciso para nos retirar deste estado de adoecimento generalizado. Nesse ponto, o conceito de biofilia pode ajudar muito.

Popularizado por Edward Wilson na década de 1980, o termo significa “amor ao que é vivo” de uma maneira inata e com um poderoso senso de autopreservação. Hábitos simples como cultivar plantas no apartamento ou relaxar numa cachoeira podem ser, acredite, comportamentos evolutivos. Estudo da View, uma das líderes mundiais em tecnologia e edifícios inteligentes, mostra que mais de 40% dos entrevistados associaram o próprio bem-estar a fatores simples como circulação de ar fresco nos ambientes de trabalho, luz natural e vista ampla para o exterior. Se esses detalhes fazem toda diferença no workplace, imagine o impacto que causam no planejamento e no sucesso dos eventos corporativos! A biofilia deve ser vista como uma tendência no setor. E vou listar alguns porquês.

A OMS apontou que os europeus tendem a passar 90% do tempo entre as paredes de casa, do trabalho e da escola, algo que também foi verificado nos Estados Unidos. No Brasil, vivenciamos o mesmo. De acordo com o Summit Mobilidade de 2022, por exemplo, nós gastamos em média mais de duas horas por dia apenas no trânsito. Eventos alinhados aos princípios da biofilia têm tudo para ser experiências imersivas de bem-estar. Quem nunca experimentou a sensação benéfica de sentir o sol quentinho batendo na pele? Ou, mesmo, o prazer de inspirar ar fresco, junto com a visão de um jardim ou paisagem verde? Experiências rodeadas por ecologia, iluminação natural e boa ventilação são grandes apostas hoje no mercado de eventos corporativos. Se não for possível o contato direto com o habitat natural, jardins verticais e, até mesmo, cenários que reproduzam paisagens, outdoors são, igualmente, bons antídotos contra o estresse.

E a biofilia também tem relação direta com o ESG, que sempre deve ser levado em conta no planejamento de eventos. Uma pesquisa da McKinsey, realizada no ano passado, revelou aspectos importantes sobre a criação de valor, a partir de produtos, serviços ou ações voltadas à sustentabilidade. Isso porque cerca de 40% dos entrevistados disseram acreditar que programas focados em uma agenda sustentável podem elevar a receita, minorar custos e trazer outros benefícios para os negócios nos próximos cinco anos. Ao mesmo tempo, 22% já sentem resultados positivos atualmente.

Apostar na biofilia é cuidar de pessoas e negócios. E mais: para o psicólogo e professor David Strayer, a gestão consciente de atividades é essencial para a saúde cerebral. Mas o contato com a natureza também influencia nesse sentido, funcionando como um verdadeiro detox mental. Eventos corporativos com design ou agenda biofílica, portanto, têm muito a ganhar. Na prática, a biofilia nos conecta a instintos e necessidades bastante primitivas – e nos torna mais modernos do que nunca.

Silvio Sallowicz é CEO da Duo & Ecco, agência de viagens de incentivo e eventos
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