Daqui a menos de um mês começa mais uma edição do Cannes Lions Festival. E não é qualquer uma: é a 70ª! O que – ou quem – você conhece com 70 anos de existência com poder de mudar a vida de pessoas e de organizações? Sim, o Cannes Lions muda a vida de profissionais, agências e organizações.

Aconteceu comigo. Estive lá pela primeira vez quase 25 anos atrás. E posso afirmar, sem exagero, que mudou minha trajetória profissional. Costumo dizer que ninguém volta de Cannes igual, depois do festival.

Quando a DPZ proporcionou a minha primeira ida, o festival ainda era um clube fechado, frequentado apenas por criativos de profissão. Mas a DPZ achou importante que um profissional de atendimento (eu era diretor de contas à época) fosse beber na fonte da criatividade, vivenciar as soluções criativas.

E a agência estava certa. O impacto de uma semana imerso nas mais impactantes expressões criativas do mundo foi enorme.

Voltei de lá com desejo de compartilhar minha experiência com colegas da agência (aliás, eu tinha o compromisso de fazer isso) e é algo que tenho feito até hoje. De lá para cá, já voltei a Cannes mais de 20 vezes, em duas delas fazendo parte do conteúdo, coordenando dois workshops no megafestival.

De uns tempos para cá, venho coordenando também roadshows pelo Brasil, pós-festival, apresentando os cases mais premiados e os insights gerados no evento.

No ano passado, fiz mais de dez apresentações pelo Brasil, a maior parte delas organizada pelo sistema Sinapro/Fenapro, reunindo profissionais e estudantes.

Este ano estarei cobrindo mais uma vez o festival para alimentar esta coluna e para enriquecer meu conhecimento. Mas farei isso a distância, virtualmente, sem me deslocar para a Riviera Francesa.

Ainda não sei se organizarei minhas apresentações usuais, pós-festival, mas uma coisa é certa: o Cannes Lions continuará fazendo parte da minha vida.

Outros festivais surgiram e os profissionais da geração Z do nosso mercado gostam de dizer que o Cannes Lions está ficando para trás. Mas não se engane, o vovô Cannes Lions ainda bate um bolão. Basta ver o conteúdo programado para este ano.

Junto com os monstros sagrados da criatividade – entre eles algumas figurinhas carimbadas, como John Hegarty –, o festival mantém o frescor, convidando expressões emergentes da indústria criativa, dentre elas o brasileiro Celso Athaide, fundador da Central Única das Favelas.

Suas 30 categorias de premiação também acompanham as tendências do mercado, distribuindo Leões aos trabalhos disruptivos, embaixo de nove guarda-chuvas: Classic, Craft, Engagement, Entertainment, Experience, Good, Health, Strategy e Titanium.

Nessa minha nova fase, dedicada aos princípios ESG, fico mais ligado ao track Good, que tem as categorias Glass: the Lion For Change e Sustainable Development Goals.

A primeira reconhece trabalhos que implícita ou explicitamente abordam questões de desigualdade ou preconceito de gênero, por meio da representação consciente de gênero na publicidade.

A segunda celebra a resolução criativa de problemas, soluções ou outras iniciativas que aproveitam a criatividade e buscam impactar positivamente o mundo.

As inscrições nesta categoria devem demonstrar como contribuíram ou avançaram na Agenda 2030 e nos ODS para o Desenvolvimento Sustentável em pessoas, planeta, prosperidade, paz e parcerias.

Mas, como aconteceu no ano passado, espera-se que os trabalhos premiados, independentemente da categoria, privilegiem uma pegada coerente com os princípios ESG.

Na edição de 2022, 90% dos cases premiados com Grand Prix tinham essa pegada.

E é assim que o maior festival de criatividade do mundo continua impactando a indústria criativa, apontando tendências e abrindo caminho para uma atitude mais inclusiva, respeitosa e responsável.

Longa vida ao Cannes Lions!

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br