Como empresário à frente de uma multinacional de e-commerce, abracei recentemente a oportunidade de gerenciar a presença online de uma empresa patrocinadora do 'Big Brother Brasil'. Fato é que atualmente o 'BBB' pode ser considerado um dos principais, senão o principal produto da TV brasileira quando se fala em exposição das marcas. As empresas que investem neste tipo de parceria estratégica não apenas se colocam em evidência em grande parte dos lares brasileiros, mas também preparam um terreno fértil para o desenvolvimento de estratégias de comércio eletrônico verdadeiramente eficientes. Para se ter uma ideia da importância do programa como uma ponte estratégica para o e-commerce brasileiro, enquanto o número de compradores virtuais no país atingiu a marca de 88 milhões em 2023, segundo a ABComm, os conteúdos do 'BBB' foram vistos por mais de 153 milhões de pessoas em 2022, de acordo com os dados da própria Globo.
Não é surpreendente que grandes players do e-commerce estejam investindo significativamente no 'BBB'. Comprovação que se dá pelo fato de a Americanas, patrocinadora do programa por anos, ter cedido lugar ao Mercado Livre, o atual maior marketplace do Brasil. As cotas de patrocínio no 'BBB', cujos valores variam de 9 a 115 milhões de reais, oferecem uma gama diversificada de opções de inserção, desde a disponibilização de produtos dentro da casa, patrocínio de provas, aos intervalos comerciais. O investimento pode parecer alto, mas se compararmos a taxa de conversão média dos e-commerces brasileiros, que gira em torno de 1%, à casos como o da marca Above no 'BBB 20', que registrou um aumento de 175% na receita (ultrapassando até mesmo a sua principal concorrente Rexona), e como o do McDonald's no 'BBB 21', que apresentou um crescimento de 80% na procura por seus lanches, podemos verificar que os retornos do investimento realizado são bastante expressivos e bem acima da média.
Embora o potencial de retorno seja alto, investir no 'BBB' requer uma preparação cuidadosa. A experiência de compra positiva é fundamental, e a logística eficiente se torna imprescindível para atender a um possível aumento repentino da demanda. A profundidade de estoque também deve ser considerada, assim como a estabilidade da plataforma digital, para que se evite contratempos decorrentes do crescimento abrupto dos acessos. Realizar as entregas dentro dos prazos estipulados, garantir que os clientes encontrem os produtos que desejam, e que o site de compras esteja em perfeito funcionamento são essenciais para que a exposição da marca não vire uma crise dentro das suas redes.
A exposição no 'BBB' pode atrair um público novo em curto prazo, mas a retenção desse público e a geração de recompras são os pilares que vão sustentar o sucesso no longo prazo. Portanto, investir em Customer Relationship Management (CRM) e analisar o perfil do público adquirido são também necessários para sustentar o retorno do investimento realizado de maneira consistente.
Neste sentido, o 'BBB' vai muito além da proposta de programa de entretenimento, pois é também uma poderosa plataforma de marketing para as marcas. Os números impressionantes e os casos de sucesso indicam que, ao abraçar a estratégia de patrocínio do programa com preparação e visão de médio e longo prazo, as empresas podem colher benefícios bastante significativos, expandindo o seu alcance e impulsionando as suas vendas no competitivo mercado online brasileiro.
Diogo Olher é COO e cofundador da Social Digital Commerce
