Mesmo os consumidores mais conservadores, que gostam de fazer suas compras nas lojas físicas, pelo menos uma vez na vida já adquiriram produtos ou serviços pela internet. Esse processo é irreversível e tende a avançar cada vez mais. A facilidade que a venda digital oferece é inegável e, hoje, também mais segura.
Agora, porém, o comércio eletrônico vive um novo momento com a chegada do TikTok Shop ao Brasil. É um turning point total. O aplicativo de vídeos curtos mais popular, com 111 milhões de usuários brasileiros, passa a oferecer venda integrada, reunindo oferta, avaliação e pagamento dentro de um único app, e o melhor dos mundos: oferece produtos em um momento de descontração, de entretenimento do usuário.
O apelo visual e o conteúdo dinâmico estão entre os principais atrativos para a conversão, tornando a jornada do consumidor mais fluida. Outras redes, como o Kwai (com 65 milhões de usuários ativos no país), já trazem essa solução de e-commerce integrada, mas o impacto que o TikTok Shop causará no comércio virtual não tem comparação.
Projeções do Santander divulgadas no relatório ‘TikTok primer: From entertainment app to commerce engine’ indicam que a plataforma pode abocanhar de 5% a 9% do e-commerce brasileiro em três anos e movimentar R$ 39 bilhões até 2028.
Matéria nesta edição mostra os reflexos dessa movimentação e como o mercado está se preparando para a novidade. Uma modalidade de vendas que deve crescer muito a partir de agora é o live commerce, que já é muito desenvolvida na China, e consiste na apresentação de ofertas ao vivo por influenciadores.
No país asiático, existem shoppings sem circulação de consumidores construídos apenas para que os empreendedores utilizem as instalações para promoverem suas lives. Na China, também há uma proliferação de estúdios especializados em transmissões ao vivo voltadas às vendas.
A inovação também deve abrir novas oportunidades para as agências no sentido de apoiar as marcas a recrutarem criadores de conteúdo para fazer lives e produzirem vídeos adaptados ao formato vertical, rápido e direto, adequado para o TikTok. No mercado chinês, há agências especializadas somente para isto.
E como o brasileiro é um dos mais engajados do mundo em redes sociais, as expectativas do mercado são grandes. O estudo ‘E-commerce trends 2024’, da Octadesk em parceria com o Opinion Box, aponta que 62% dos consumidores brasileiros fazem entre duas e cinco compras online por mês, enquanto 85% afirmam comprar pela internet ao menos uma vez por mês.
Outro setor que deve ser impactado com a chegada do TikTok Shop ao país é o de meios de pagamento. No México, por exemplo, o TikTok Shop integrou o Mercado Pago já no lançamento. Por aqui, o TikTok ainda não divulgou os provedores responsáveis pelo processamento dos pagamentos, mas informou que atua em parceria com integradores como Olist e Blip, que auxiliam os vendedores a cadastrar os seus produtos nas plataformas de e-commerce.
Criatividade
A confiança criativa está em xeque. Metade das marcas (51%) admite que as suas ideias são fracas para estabelecer uma criatividade audaciosa, e apenas 13% as classificam como fortes. A constatação está no relatório ‘The state of creativity 2025’, feito pelo Lions e divulgado pelo Estadão.
O estudo mostra ainda que apenas 13% das empresas se consideram receptivas ao risco criativo e 29% são altamente avessas à iniciativa. Falta de clareza sobre o que constitui um bom insight, baixa prioridade atribuída ao desenvolvimento do processo criativo e tempo restrito para aprofundar análises de cenários estão entre as barreiras.
Frase
“As redes culturais, centradas nos interesses compartilhados, oferecem uma nova forma de interação digital que pode ser mais significativa e engajadora” (trecho extraído do estudo ‘Da indiferença à paixão - a jornada do engajamento através das gerações’, feito pela HSR).
Armando Ferrentini é publisher do propmark