Quem se lembra da época em que a família toda se sentava na frente da televisão para acompanhar a novela ou assistir ao jornal para saber as notícias do dia? Bem, essa realidade ficou para trás.
Neste segundo dia de WebSummit Rio vimos que o conteúdo, a publicidade, o marketing e as diferentes maneiras que as marcas se relacionam com as pessoas estão cada mais descentralizados, hiperlocais e abrangentes.
Depois de acompanhar as palestras do TikTok, cultura, comunicação, Inteligência Artificial e outros, notei que a linha de raciocínio permeava sempre entre 3 assuntos extremamente relevantes, especialmente quando estamos discutindo as tendências sobre futuro. São eles: a conexão, a humanização e a multicanalidade.
Ainda que a IA seja o fio condutor de todas as histórias, racionalizamos a estratégia com foco na jornada, onde existe sim o foco nas soluções tecnológicas, mas como meio. Como mencionou Luiz Telles, co-fundador e Chief Story Officer do A-LAB, além de Diretor Nacional de Storytelling e Inovação da Artplan, “o perigo da IA é ela não ser entendida como aliada. Escolher o que queremos fazer com ela está nas nossas mãos”.
Em outras palavras: o poder de decisão ainda é das pessoas; o produto ou solução também é pensado nelas, no fim das contas. Isso quer dizer que a verdadeira busca ao aplicar ferramentas, oferecer agilidade nas respostas, mensurar dados e criar estratégias mais assertivas é pela humanização.
O primeiro passo é perder o medo da tecnologia
A cultura da ameaça é algo que pode nos fazer perder boas oportunidades quando se trata de tecnologia. Sim, pensar que estamos em perigo pode despertar gatilhos que nos façam pensar em alternativas para nos proteger. Uma atualização, por exemplo? No entanto, os debates mostraram que procurar as inovações interessantes ainda é o melhor caminho. Além do sentimento constante de curiosidade, para levar à inovação propriamente dita.
Até mesmo porque as pessoas clamam por mudança. Como mostrou Joey Camire, CSO da SYLVAIN, “76% das pessoas dizem que se sentem paradas em sua rotina”. Para descongelar, não ficar parado e esquentar a inovação no dia a dia, é preciso ver na mudança uma oportunidade. A partir daí, criar oportunidades que nos levem sempre adiante, próximos uns dos outros e despertando o senso de comunidade.
Compreender as pessoas, seus hábitos e suas rotinas
Essa é a chave em que o foco vai muito além das vendas ou da conversão. Vemos cada vez mais iniciativas que fundamentam a ideia de que entender sobre o consumidor deve ser parte crucial de um planejamento e das métricas, uma realidade em que o foco é muito maior no engajamento.
Assim, para dizer hoje o que vai ser relevante no futuro, precisamos desde já compreender o que era relevante no passado. Afinal, essa mudança é um processo de transformação. Se os clientes não estão participando das conversas que a sua marca desenhou para eles, então precisamos encontrar uma forma de participar da conversa que eles estão tendo hoje.
Por isso, o uso de dados e a multicanalidade são tão importantes. Só que a concorrência também está aumentando. Com o tempo de consumo de mídia mais curto, é fundamental entender o contexto para as conversas funcionarem, assim como segmentar o público para captar um pouco da atenção em todos os pontos de contato e de formas diferentes, respeitando cada mídia e conteúdo criado para ela. Nesse sentido, portanto, a tecnologia tem um papel importante para escalar essas conversas.
Concluindo... as discussões podem girar em torno de muitas formas de tecnologia. Porém, inevitável, como somos seres sociais, o foco vai continuar sendo a busca por uma jornada cada vez mais autêntica e humanizada. As pessoas são e continuarão sendo fundamentais, ainda que seja impossível pensar em uma empresa ou estratégia, no presente e no futuro, sem inteligência artificial. Assim como mencionei, o tempo das comunicações unilaterais, em que a marca falava e a gente ouvia, passou e não volta mais.
Com a tecnologia e o mundo hiperconectado, a audiência assumiu o controle e a responsabilidade de criar a mensagem certa, no melhor momento e no canal correto torna-se parte da estratégia de comunicação da marca, promovendo um diálogo maior entre todas as pontas, sem distinção de mundo real ou virtual. Tudo junto, misturado e planejado, acontecendo em todo tempo e em muitos lugares. Quem não se adaptar, pode ficar para trás.
Julia Pinho é planejamento pleno da Netza Martech Agency