A pandemia trouxe um novo desafio para o atendimento publicitário: reconstruir a proximidade na relação com os clientes.
O modelo híbrido adotado pelas empresas e por uma nova geração de profissionais, que também está presa às ferramentas de contato online e assíncronas, criou um ambiente de distanciamento e falta de intimidade, o que tornou as agendas desses entes cada vez mais superficiais.
Para além do desafio imposto pela comunicação da era pós-digital, o atendimento publicitário, com a responsabilidade de ser o comercial da agência, também dificulta essa construção de intimidade.
A ânsia pela venda, para cumprir metas, amplia os problemas nas entregas em volume e, claro, nas entregas criativas.
Vale lembrar que essa intimidade é estratégica: aprofunda o conhecimento dos desafios de negócio e gera projetos mais desafiadores e criativos.
Assim, é preciso refletir se a tecnologia está nos prendendo nos “bunkers” das nossas casas e escritórios e nos traindo em nossas funções básicas, dificultando essa relação.
Aprendemos modelos de governança, processos e muitas outras ferramentas de gestão de relacionamentos corporativos.
Porém, com esse excesso de padrões, perdemos a capacidade de construir trocas impactantes para o negócio; perdemos a capacidade de construir relacionamentos com visão de longo prazo; deixamos o olho no olho de lado; esquecemos que nosso maior valor está na proximidade dos relacionamentos que criamos ao longo da jornada.
E, nessa atual rotina de trocas efémeras, esquecemos que desenvolver e manter uma conta/relacionamento ativa acaba sendo até sete vezes mais barato do que iniciar um processo do zero.
Para um cliente, trocar de agência também é mais caro. Começar sem histórico é perda de tempo e um terror nos dias de agendas lotadas.
Estamos jogando palavras ao vento, ouvindo pouco, conectando muito menos e perdendo valor na gestão desse “meio de campo”.
O atendimento do futuro precisa ser especialista em construir relacionamentos. E essa proximidade não virá de um atendimento sentado em frente a uma tela de computador, respondendo e-mails ou mensagens por canais digitais.
Rodrigo Motta é diretor de marcas e negócios na FCB Health Brazil
rodrigo.motta@ipghealth.com