Não é a primeira vez que escrevo sobre esse neologismo por aqui. Mas o que me animou a tratar desse termo novamente foi a constatação de que ele sequer existia na Wikipedia. Agora está lá.

Eu mesmo o criei. Sensação boa a de criar um novo termo na maior enciclopédia virtual. (Antes de concluir este artigo, notei que a página criada entrou em discussão e foi eliminada temporariamente. Acho que é parte do processo de se criar um neologismo. Vou batalhar por ela).

Eu já havia obtido o domínio criativista.com.br, o qual uso profissionalmente para minha plataforma Criativista ESG4. Por que essa fixação por esse termo? Antes de mais nada, eu acredito fortemente que criatividade seja um dos principais skills do profissional do futuro.

Aliás, eu não, o World Economic Forum coloca inovação e criatividade entre os Top 10 skills para 2025. Por mais que a tecnologia crie algoritmos, Inteligência Artificial e fórmulas matemáticas para resolver problemas, a criatividade ainda é – e será – soberana na hora de se diferenciar, de trilhar caminhos inovadores, de atrair e engajar, de sair na frente.

Já o ativismo, fui aos dicionários e encontrei uma definição que gostei muito: “Doutrina de vontade criativa que prega a prática efetiva para transformar a realidade em lugar da atividade puramente especulativa”.

Destaco fragmentos desta definição que me atraem de forma especial: “vontade criativa” e “prática efetiva para transformar a realidade”. É disso que estou falando! É de um ativismo do fazer, do sim, do criar, do transformar a realidade.

Não o ativismo do protesto, do não, do confronto. Acredito fortemente na nossa capacidade criativa de transformar a realidade. Melhorar a realidade! E há exemplos de sobra de empresas que adotaram o tal criativismo em seu benefício, mas também em favor da sociedade.

Lembro do case do Carrefour, ganhador de Grand Prix no Cannes Lions com um ativismo criativo em torno da proibição, na França, de comercialização de frutas e hortaliças que não sejam derivadas de sementes certificadas.

A rede de supermercados criou um “mercado negro” dentro das suas lojas, comercializando, à revelia da lei, produtos orgânicos que não cumpriam a exigência. Resultado desse criativismo: o governo mudou a lei!

Outra campanha corajosa, também ganhadora de Grand Prix em Cannes, foi a da Nike, apoiando explicitamente a atitude do jogador de futebol americano Colin Kaepernick, que se recusava a cantar o hino americano, se ajoelhando antes das partidas, em protesto sobre a violência da polícia contra os negros.

Há ainda o case da Starbucks brasileira que, por intermédio da sua agência VMLY&R, transformou seus cafés em verdadeiros cartórios para facilitar pessoas trans a mudar de nome.

Outro case brasileiro que merece destaque foi o criado pela David Brasil para a Coca-Cola, ganhador de Leão em 2018.

A empresa criou uma série especial de latas de Coca-Cola envazadas com Fanta só para ridicularizar a expressão homofóbica “Esta Coca-Cola é Fanta”, dita jocosamente ao se referir a homens com traços de feminilidade. Esta Coca-Cola é Fanta, sim. E daí? Dizia a campanha.

Todas essas campanhas têm em comum três aspectos: são criativas – a ponto de conquistarem prêmios internacionais; são ativistas, em benefício de minorizados; e são corajosas, com marcas se expondo perante a sociedade, defendendo seu ponto de vista. São, portanto, exemplos exuberantes de criativismo.

Consumidores cada vez mais atentos e vigilantes quanto ao desrespeito e insensibilidade das empresas exigem mais das marcas. Esperam que elas façam mais do que produzir produtos de qualidade e comercializar a bom preço.

Esperam que sejam ativistas por um mundo melhor. E se adotarem a criatividade e princípios ESG nas suas ações, melhor ainda. O futuro é dos criativistas!

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br