Você já ouviu falar no conceito de esponja? “Ah, um amigo meu é esponja de sentimentos, absorve os problemas dos outros...” Então, esse conceito me pegou logo cedo na vida. Mas de um jeito diferente...
Em casa, via meu pai estudando e trabalhando muito. Até cheguei a pensar em não seguir a carreira dele, porque ele trabalhava demais.
E cá estou eu, hoje, com 20 anos de carreira no audiovisual, trabalhando tanto quanto meu velho.
Ser advogado como ele, talvez, não me desse o prazer que tenho pelo que faço. Mas a inspiração, desde pequeno, em uma figura que se dedicava tanto, ficou marcada para sempre.
Hoje, eu tenho clareza sobre essa esponja que virei. Isso porque TUDO que eu observo, vira aprendizado para mim. Tudo mesmo!
Assisto tudo que é canal da TV aberta, nem que seja por alguns poucos minutos, para saber o que eu posso aprender por ali. Ouço estações de rádio aleatórias, fuço até encontrar podcasts diferentes e, o principal, fico atento a todos ao meu redor: como se vestem, como falam, como interagem...
É, sou viciado em descobrir coisas através do olhar. E, como um bom capricorniano, trabalho é meu segundo nome. E o jeito de ‘amenizar’ o vício em trabalhar demais foi usar isso ao meu favor para acelerar meu aprendizado.
Mas tudo isso começou na minha infância. Como eu era uma criança hiperativa, meus pais me colocaram pra fazer caratê, tênis, inglês, aula de piano...
Aos 11 anos, eu já era muito competitivo e adorava jogar tênis. Pratiquei por três anos. Aí, brincando na piscina num fim de semana, dei uma cambalhota e bati o joelho na borda. Acabei rompendo a patela e tive de operar.
Depois disso, a recomendação médica foi parar de jogar tênis e começar na natação. Fui aprender a nadar porque eu só sabia o básico. Naquela época, eu tive a sorte de ser treinado pelo Fernando Possenti, técnico da Ana Marcela Cunha, medalha de Ouro nas Olímpiadas de Tóquio.
Ele me viu nadando e falou que eu levava jeito. Comecei a treinar, treinar, treinar, treinar e competir. E isso daí foi um divisor de águas na minha vida em disciplina, no treinamento e na liderança também.
Porque, ao contrário do que as pessoas imaginam, a natação apesar de ser um esporte individual, você aprende muito em grupo com o time. E isso só despertou meu perfil de líder: sempre ouvir mais do que falar e trazer as pessoas comigo sem imposições.
Para acelerar meu aprendizado, por conta da minha competitividade, comprei uma bíblia de natação, para melhorar a minha performance. E, nos treinos, eu tinha um parceiro que era praticamente meu sócio. Isso eu transferi para os negócios. E por ter começado a empreender como DJ aos 13 anos (fazendo festas em garagens, clubes e buffets por aí), conhecia muito de equipamentos. Cheguei até a montar alguns computadores lá em casa.
Essa procura por conhecimento, essa curiosidade mais a competitividade, sempre foram minha força motriz. E essa competição é comigo, os desafios são comigo mesmo. Nunca foi sobre vencer o outro. Sempre tinha de ser melhor do que o dia anterior.
Hoje, tenho mais clareza que, dependendo do desafio, é melhor você não pegar. Mas eu sempre tento fazer um trabalho melhor que o outro. Esse aprendizado é todo da natação, que me inspirou a ser disciplinado. Assim, eu continuo acordando cedo para nadar, fazendo exercício, estudando muito.
Ser curioso, observador e autodidata é o que me faz ir para frente, e é o que eu acredito que me ajude a fazer alguma diferença no mundo.
Doug Monteiro é CEO da Conteúdo Urbano