A frase impagável é do lendário personagem Odorico Paraguassu, imortalizado na novela global 'O Bem Amado', interpretado pelo genial Paulo Gracindo.

E eu a tomo emprestada para dar o tom deste artigo sobre a urgência de ação em torno dos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – e dos princípios ESG (Ambiental, Social, Governança).

Todos os dias vemos matérias nos principais veículos sobre ESG e a proximidade do deadline do Pacto Global, relacionado às ações para se evitar o ponto de não retorno do aquecimento global.

2030 é o deadline (cuja tradução é fim do prazo, mas poderia ser linha da morte mesmo, tal a gravidade dos efeitos do aquecimento global).

Em 2015, durante a COP21 da ONU, realizada em Paris, 195 países assinaram e 147 ratificaram (inclusive o Brasil) o compromisso de impedir um aquecimento global acima dos 2°C até 2030.

Um aquecimento acima desse nível pode ser catastrófico para nosso planeta e gerar um ponto de inflexão que pode impedir a reversão dos danos causados pelo aquecimento global.

Os alertas são visíveis: catástrofes acontecem em diversos lugares do planeta, com incêndios incontroláveis ou enchentes de proporções gigantescas. Mas, ainda assim, o que a gente mais vê são os entretantos. Estão faltando os finalmentes. Está faltando ação!

Pesquisa recente, realizada pelo Google Brasil, em parceira com a MindMiners e o Sistema B, mostra uma baixa percepção, por parte do público, dos princípios ESG, quando associados às ações das empresas em torno das questões ambientas (E), sociais (S) e de governança (G).

Na verdade, falta conhecimento e mais demonstrações das empresas sobre a sua atitude ESG. Uma missão tão nobre como a de simplesmente salvar o mundo não deveria ficar num segundo plano.

O filtro ESG deveria estar sendo usado desde o nascimento de um novo produto até as ações afirmativas de diversidade e inclusão, sem falar da aplicação dos princípios de ética e transparência das empresas.

Pesquisa da Edelman mostra que as empresas são a única instituição confiável no Brasil. Sim, nem governo, nem ONGs, nem a mídia conseguiram índices de confiança acima da linha de corte da pesquisa. Apenas as empresas.

Essa confiança é positiva, mas vem acompanhada de um ônus: é das empresas que se espera ação! As pessoas têm confiança nas empresas, mas esperam a contrapartida da ação. Se os governos não agem, que ajam as empresas.

Ninguém está contra o lucro das empresas, mas é esperada delas uma atuação que seja também voltada às pessoas e ao planeta. Tenho tido muito contato com empresas e instituições, levando a questão da urgência e dos benefícios de uma atuação centrada nos princípios ESG.

Ninguém contesta a importância e a necessidade de um alinhamento aos critérios de responsabilidade ambiental e social, além da aplicação de uma governança ética e transparente. Mas, na hora da ação, há uma tendência a procrastinar.

A impressão que fica é que a maioria está esperando haver uma pressão maior, que ameace os negócios de forma mais evidente, para agir.

Estão desperdiçando uma oportunidade de agir proativamente, com domínio de timing, ignorando a ameaça de uma pressão mandatória que está por vir, quando serão obrigadas a se estruturar às pressas, sob risco de perder negócios e clientes.

E ficam nos entretantos, sem ir para os finalmentes. Deveriam saber que é possível começar gradualmente, sem grandes exigências orçamentárias ou de recursos humanos, mitigando riscos e garantindo uma vantagem competitiva no momento em que o nível de exigência aumentar.

É preciso a consciência de que a forma de se fazer negócios mudou e é inevitável uma adaptação. É preciso deixar o pratrasmente e partir para o prafrentemente. E urgente!

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br