Dizem que o Brasil só começa a funcionar mesmo depois do Carnaval. Então, que bom que neste ano a folia acontece na primeira quinzena de fevereiro, destravando logo a agitação de negócios.

É claro que isso não é totalmente verdade. O Carnaval, em si, é gerador de grande movimentação financeira, principalmente no turismo. Tive a chance de conhecer a Expo Carnaval, um evento focado no business Carnaval.

Aconteceu em Salvador, Bahia, no fim de novembro de 2023, e eu fui chamado pela organizadora Zum Brazil para aplicar um olhar ESG no evento, além de palestrar por lá.

Fiquei impressionado com o espectro de interesses em torno da nossa festa maior.

Só em São Paulo são mais de 200 blocos nas ruas, além de um desfile que só cresce em qualidade. No Rio, além do grandioso desfile das escolas de samba, são dezenas de blocos ocupando as ruas.

Bahia, Pernambuco e outros estados também vivem esse período em total ebulição.

Somado ao turismo de verão, o momento faz a festa da indústria de bebidas e de turismo, em geral. Mas é fato que, para outros setores, há um certo compasso de espera.

Muita gente aproveita o primeiro bimestre para tirar férias e as reuniões são agendadas para depois do Carnaval. Para quem tem pressa de agitar negócios, dá uma certa impaciência com tanta gente fora de ação profissional.

Teremos um ano espremido por eleições municipais, que também costumam atrapalhar alguns negócios.

Então, o jeito é ocupar todos os dias possíveis entre março e novembro. A indústria de eventos que o diga.

Depois de um 2023 excepcional, o mercado de eventos disputa datas para acomodar todas as atividades previstas em mais um ano promissor.

Apesar das turbulências políticas, é preciso admitir que a macroeconomia estabelece bases alvissareiras para a economia brasileira. O nosso incensado agro deve ter um pequeno tropeço, em função do clima menos favorável em 2023, mas nada muito dramático.

O programa Nova Economia, lançado pelo governo, não agradou a todos, mas traz estímulos importantes.

Com base nisso tudo, economistas reveem suas previsões, apontando para um crescimento maior em 2024 do que o esperado meses atrás.

Vamos então surfar essa onda que chega no pós-Carnaval. Mas vamos aproveitar com responsabilidade. É meu papel aqui neste espaço lembrar sempre a importância do momento que estamos vivendo.

A contagem regressiva para 2030, deadline estabelecido pelo Pacto Global da ONU para se alcançar metas ambiciosas, expressas nos 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), e principalmente em relação às questões climáticas, tem um ano a menos para contar.

Agora faltam apenas seis anos para evitarmos um aquecimento global que supere 1,5°C, em relação ao período pré-industrial.

Luta difícil, com a percepção de que já estamos superando a barreira de 1°C de aquecimento, estando mais próximos do limite do que nunca. Há quem diga até que já estamos batendo no aquecimento limite de 1,5°C.

Mas, independentemente da pressão (e até por causa dela), o Brasil tem muito a aproveitar, já que é um protagonista da transição energética e da preservação ambiental.

É inevitável tocarmos nossos negócios com um olhar atento às demandas, mas também nas oportunidades que se apresentarão neste ano que, entre outras coisas, será de preparação para sediar a COP 30, que será realizada no ano que vem, em Belém, Pará.

A segunda quinzena de fevereiro deve marcar o verdadeiro início de um ano que pode ser especial. Pode ser o ano das regulamentações do comércio de crédito de carbono e da maturidade ESG nas empresas.

É isso aí! Depois do Carnaval é hora de botar outro bloco na rua: o Bloco do Crescimento Sustentável e Inclusivo. Bora lá?

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br