No início dos anos 1970, por uma iniciativa de meu querido e saudoso amigo e gerente de propaganda do Itaú, Alfredo Rosa Borges, e com a aprovação de nosso também e mais que adorado chefe, Alex Cerqueira Leite Thiele, o Itaú passou a ocupar o relógio em cima do Conjunto Nacional, de onde podia ser visto por toda a cidade.

E que, numa primeira temporada, antes do Itaú, levava a marca da Willys. Willys Overland... “O relógio do Itaú” era uma das referências da cidade de São Paulo...

Quando apresentamos o projeto para o dr. Olavo Setubal, foi aprovado em cinco minutos. Disse o dr. Olavo: “Nem precisa continuar... se queremos ser o líder, está mais que na hora de fincarmos nossa bandeira no topo da Paulista...”. E assim aconteceu. Pessoas voltando para suas casas, de diferentes pontos da cidade, e confirmando as horas no relógio do Itaú.

Por uma decisão patética e descabida, o Itaú foi obrigado a apagar e desmontar o relógio para não seguir recebendo pesadas multas por suposto desrespeito à polêmica Lei Cidade Limpa.

Fevereiro, 2012. A cidade onde as pessoas veem, agora, 2024, as paredes brancas dos prédios, enquanto tropeçam e se arrebentam nas calçadas esburacadas...

Ou, por razões que a própria razão desconhece e a ignorância, prevalece, o Itaú foi obrigado a apagar o relógio, e desligar para sempre aquela que durante quase quatro décadas foi, repito, uma das mais emblemáticas marcas da cidade. Fevereiro, 2012.

Um dos símbolos da cidade apagado, repito novamente, pela ignorância e estupidez, para sempre.

Agora, e imagino nada a ver com o que vou dizer, a Dexco, dona dentre outras das marcas Deca e Duratex, que tem como acionistas algumas das famílias que detêm o controle do Itaú, passa a ocupar parte do térreo do mesmo e emblemático e legendário Conjunto Nacional. Projeto monumental de David Libeskind. Em minha opinião, um prédio simplesmente espetacular.

Um dos “clímax” da arquitetura paulistana.

Assim, e na minha memória afetiva, o Itaú resgata a posição perdida, deixa o topo e passa a integrar a base, o coração do Conjunto Nacional.

Num momento em que o Conjunto Nacional se encontra ferido e sangrando, pela perda da mais emblemática livraria da cidade, a Cultura.

Isso posto, tirando meus sentimento e saudosismo e delírios, uma decisão irretocável da Dexco em se posicionar, num dos melhores branded content analógico, num mundo que se digitaliza a cada segundo, e no espaço que melhor representa São Paulo.

Uma megaloja, pulsando todos os dias as marcas Deca, Portinari, Hydra, Duratex, Castelatto, Ceusa e Durafloor, num investimento de R$ 50 milhões, e onde se encontrarão de forma recorrente arquitetos, engenheiros, designers e nós, todos nós, que amamos esta cidade, que passamos a quase totalidade de nossas vidas convivendo com produtos de extraordinária qualidade como os metais Deca e as válvulas Hydra, por exemplo.

Válvulas essas que já eram dotadas de IA – inteligência analógica –, que só agora começamos a reconhecer e valorizar.

Parabéns, Dexco. Um gol de placa. Não cicatriza de vez a ferida e a dor do Conjunto Nacional, mas atenua sensivelmente.

Finalmente o branded content analógico da Melissa na Oscar Freire ganha uma nova manifestação com a mesma qualidade. E se for vivo, e tiver a disciplina de renovação da Melissa, sensacional.

O MEQ – Marketing de Excepcional Qualidade – em festa!

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing
fmadia@madiamm.com.br