O SXSW é um evento onde tendências, discussões e cenários são apresentados e debatidos? Sim, sem dúvida alguma. Mas, em meu segundo ano por aqui, já entendi também que ele é repleto de gurus que apresentam suas teorias "how-to" com pretensões a virarem metodologia.
Este é justamente o caso de Jon Burkhart – palestrante de longa data no evento – e sua companheira Lizi Hamer em Brandemonium: Daring Brands To Do Different & Win. O nome é impactante e nos traz o que eles chamam de DDT ou Dynamic Difference Theory, que seria uma maneira de pensar conteúdos de marca de forma energética e relevante ao ponto de chamar atenção das audiências, manter e criar fãs. Para isso, segundo eles, o ponto de partida seria o Story Hunt ou Caça de Histórias em tradução livre e literal.
É um bom começo, certo? Eles amparam a teoria na afirmação de que “todos somos fãs de algo” e que encontrar histórias autênticas e relevantes seria o jeito de humanizar marcas e promover conexão profunda com seus públicos através de emoções. O problema é que, a partir de então, eles seguiram analisando e categorizando casos segundo cinco critérios que seriam necessários para atingir esse tal nirvana do conteúdo de marca. São eles: Smart Storytelling, Personalization, Amplified Attraction, Remarkable Relevance e Kinetic Content. Nomes impactantes para descrever nada novo, nada transcendente, nada que já não façamos de forma intencional ou instintiva quando estamos – ao menos eu – planejando ou criando conteúdo para as marcas.
Se os critérios já não foram revolucionários, o que se seguiu serviu para desestabilizar ainda mais a já combalida teoria dos apresentadores, foi uma chuva de bolinhas. Isso mesmo. Em uma dinâmica, segundo eles inspirada em wrestling, se apresentaram como lutadores e nós, o público, deveríamos decidir quem apresentava o melhor case para cada um dos critérios relatados acima atirando bolinhas em direção ao palco. Sim, eu falei bolinhas. Eram de espuma, claro. Case atrás de case, bolinhas voando pelo luxuoso teto do JW Marriott, aqui em Austin, nos Estados Unidos. Pensando no duelo entre em forma x conteúdo, percebemos que os dois saíram feridos.
Felipe Muller é diretor de estratégias, conteúdo e insights da Mynd
