Tenho a sorte de conhecer muito em esse nosso Brasil continental. Somente neste mês de novembro tenho atividades profissionais em eventos em Belém, Rio, São Paulo, Salvador e Praia do Forte. Todas presenciais.
Como é bom percorrer esse nosso país e constatar culturas, sotaques, sabores, belezas tão distintas e, ao mesmo tempo, tão fascinantes. E claro que tem muita coisa que incomoda também. A desigualdade social, por exemplo.
Quanto mais distante do Sudeste, maiores são os contrastes sociais. Nossa torcida é que a riqueza potencial do verde da Amazônia, dos ventos e do sol constantes no Nordeste tragam mais oportunidades para seus moradores e diminua a desigualdade e a carência ainda existentes por lá.
Assim como a riqueza do agro faz elevar o IDH do Centro-Oeste. Mas permita-me dar uma de Poliana e focar com mais intensidade na beleza e na riqueza cultural que encontramos por todo lado no Brasil.
Alex Atala afirma com muita propriedade que a verdadeira gastronomia brasileira é a do Pará. De fato, o que encontramos por lá tem menos influência europeia, americana, asiática e africana, como há em outros lugares.
Nessa minha estada mais recente em Belém, tive a chance de degustar um peixe amazônico – o filhote – acompanhado de jambu, tucupi e temperos que não estamos acostumados. Uma experiêcia gastronômica única!
Partindo para a Bahia, encontramos outra rica cultura, com forte influência africana, com um universo de arte, música e expressões artísticas tão próprias que parece que estamos em outro país. E assim vai: no Sul, influência europeia de diversos matizes.
Em São Paulo, um caldeirão de culturas que nos faz sentir às vezes na Itália, em outras no Japão, Espanha...
Chegar no Rio é vivenciar, não só uma beleza estonteante, como arte, música e cultura características, que torna a Cidade Maravilhosa algo único.
Tirando minha carapuça de Poliana e colocando os pés na realidade, constatamos imensos problemas aqui e ali.
Segurança precária, pobreza na periferia, infraestrutura deficiente... Mas podemos olhar esse copo meio cheio ou meio vazio.
Prefiro a primeira opção. O ambiente que encontro no hotel onde estou hospedado em Belém, no momento em que escrevo este artigo, é de efervescência.
Nas conversas que presencio, diversas línguas faladas, em torno de um tema central: meio ambiente. Belém vai sediar a COP 30, em 2025, e já vemos uma intensa mobilização por lá. A cidade deverá receber perto de 70 mil pessoas na COP, mais de 190 chefes de Estado.
As oportunidades em torno da biodiversidade amazônica, do mercado de créditos de carbono e a cauda longa da economia verde fazem do Pará a bola da vez para um desenvolvimento econômico acelerado, catalisado pelas questões ambientais.
Não só o Pará, esse nosso Brazilsão imenso, que tem pela frente um mar de oportunidades que não se pode perder.
Em vez de ficarmos lamentando as mazelas, que, de fato, existem, que tal adotarmos uma postura pragmática de aproveitamento desse momento tão especial?
Sim, dependemos de uma atuação governamental eficiente, capaz de potencializar as oportunidades que virão, sem dúvida. A matriz energética ímpar do Brasil nos fará protagonistas da economia verde.
Além de hidrelétricas, eólicas e fotovoltaicas, temos ainda a biomassa e, principalmente, o hidrogênio verde, que pode nos catapultar a uma posição de líderes de um desenvolvimento limpo e sustentável.
Deveremos ser a base do tal do nearshoring ou powershoring, que são os fenômenos de criação de parques industriais por aqui, atraindo empresas estrangeiras a virem aproveitar nossa energia verde.
Que tal encarar esse Brazilsão promissor e acreditar em momentos melhores para todos?
Bora?
Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br