Empresas mais plurais e democráticas

A sociedade é, por si só, diversa. São muitos perfis a serem representados e muitas necessidades distintas, o que faz com que o caminho para as marcas se conectarem verdadeiramente com esse mix de consumidores seja árduo, porém não inalcançável. É preciso abrir as portas das empresas para a diversidade. Ao incluir pessoas de grupos sub-representados, como mulheres, pessoas negras, pessoas com deficiência e pessoas trans, é possível construir um time que tenha backgrounds e pensamentos diferentes e, essas diversas habilidades, em conjunto, contribuem para uma melhor performance, além da produção de conteúdos feitos para e por pessoas que retratam a realidade demográfica do Brasil.

No campo da raça, a sub-representação é ainda mais preocupante, sobretudo em um país onde 56% das pessoas se autoclassificam negras ou indígenas (dados do
IBGE sobre raça e mercado de trabalho). Mas como desenvolver produtos e serviços que atendam às necessidades de um público-alvo tão diverso? Trazendo para dentro da empresa esse público! Muitos estudos sobre a relação da diversidade com a performance empresarial feitos pela consultoria McKinsey e compilados no relatório Diversity Matters: América Latina, de 2020, mostram que empresas com diversidade de gênero no quadro de funcionários tendem a obter 21% mais lucro; com diversidade racial, 35%, e que times diversos têm 150% mais propensão de trazer novas ideias para as companhias.

Ter diferentes perfis de colaboradores e suas forças e capacidades de lidar de múltiplas formas com o dia a dia das relações e propor soluções é um ganho. Assim, empresas que investem em políticas e iniciativas de diversidade e inclusão estabelecem uma cultura de inovação, com colaboradores que não veem barreiras para inovar e têm menos medo de errar. Ser inclusivo também reforça o posicionamento da marca com os consumidores uma vez o consumidor hoje, principalmente a geração Z, não quer apenas comprar produtos, mas se relacionar com marcas que tragam algum impacto positivo para a sociedade e protejam o planeta. Além de humanizar e estabelecer conexões mais verdadeiras com o consumidor, a diversidade e a inclusão estão intrinsicamente ligadas ao zelar pela reputação da marca, visto termos hoje um consumidor mais engajado, fiscalizador e interessado em propósitos.

Para apoiar os anunciantes, A ABA tem DE&I – Diversidade, Equidade e Inclusão – como pautas prioritárias em sua agenda estratégica, alinhada com a WFA – World Federation of Advertisers, à qual a entidade é membro do seu Comitê Executivo. Este ano, a ABA constituiu o GT de DE&I e publicou o Guia Diversidade e Representação: Foco no planejamento e compra
de mídia. Nos últimos anos, a entidade liderou diversas iniciativas, como a publicação de livros e guias com o objetivo de sensibilizar, estimular, gerar conhecimento e engajar as empresas associadas, através do conhecimento e do compartilhamento de boas práticas de DE&I.

É papel das marcas promover a diversidade e a inclusão, e a publicidade, com seu papel influenciador, precisa assumir essa responsabilidade indo além das discussões de gênero e raça. É preciso abrir o leque para condição socioeconômica, etarismo e regionalismo, dentre outros, bem como quebrar estereótipos. Porém, a diversidade deve ir além das estratégias de marketing, é preciso que se estabeleça uma cultura realmente diversa nas empresas, começando pelo letramento das lideranças para que formem times plurais e os treinem para o respeito às diferenças, fomentando a importância da diversidade tanto pelo âmbito social, de representatividade, respeito e inclusão, como pela inovação, sendo uma mola propulsora para o sucesso. Uma empresa deveria refletir, interna e externamente, as pluralidades da sociedade em que ela atua. Trazendo um novo olhar para dentro delas, quebrando antigos padrões e aprendendo a integrar as pessoas com suas diversidades. Assim, contribuiremos com as mudanças que tanto se fazem necessárias na sociedade e teremos uma melhor performance de negócio.