Finalmente chegou a hora de os clientes da Enel acertarem as contas com a Enel. Não pelo que aconteceu na semana passada, e sempre poderá acontecer com empresas de energia.

Um evento meteorológico de proporções maiores, com os ventos, pode determinar interrupções no sistema por dias.

Mas não é por essa razão que a Enel está sendo crucificada. E, sim, por sua arrogância, incompetência, descaso e irresponsabilidade.

Não pelo comportamento dos últimos dias. Mas pela forma como tem tratado seus milhões de clientes da cidade de São Paulo no correr dos anos.

Pendurou em sua porta, em seu atendimento, na cabeça dos que lá trabalham, um F monumental. Todos, com raríssimas exceções, que tiveram algum problema com a Enel, sentiram o gosto de sua arrogância e indiferença. Um F gigantesco, de literalmente, foda-se. Ou fodam-se. Aconteceu comigo. Até hoje, dois anos depois, sigo esperando...

Assim, o que aconteceu agora, teria sido melhor compreendido e, talvez, aceitável, se a Enel tivesse revelado um comportamento amigo e responsável a seus clientes compulsórios, nós.

Mas não foi o que fez. Semeou ventos, os ventos vieram, as árvores caíram, os fios romperam-se, a energia cessou, e milhões de famílias e pessoas, cobertas de razão, agora, finalmente, colocam pra fora todas as pedras e a indiferença que a Enel enfiou goela abaixo de todos nós...

Assim como os patinetes, nanolocação de carros um negócio pífio e irrelevante, mas...

Mas tem quem acredite e aloque tempo, energia e dinheiro. Vai passar o resto dos dias, meses e anos, em busca de algum resultado e não vai encontrar absolutamente nada. As histórias são emblemáticas e carregadas de aventura e emoção. Mas, pequenas, deliciosas, e irrelevantes histórias.

Em matéria no Estadão, assinada por Juliana Causin, o texto diz, tentando motivar: “Em um fim de tarde de véspera de feriado, o custo para sair do Centro de São Paulo e ir até a Vila Olimpia, na Zona Sul da cidade, era ao menos R$ 35 em um aplicativo de transporte. Para alugar um carro, durante uma hora, tempo suficiente para chegar ao bairro, seria possível pagar metade do preço, cerca de R$ 17, com um serviço de locação... Nos últimos anos ao menos quatro plataformas lançaram o serviço no país, a maior parte em São Paulo...”.

Um dos players desse novo, absurdo, inviável e impossível território é a Awto, que decolou no mês de dezembro do ano passado, portanto completando 1 ano, e conta com 500 veículos entre motos e carros. E pretende chegar até 2025 a 1.700 carros...

Descreve o processo, Juliana: “Os carros para locação ficam na rua, assim com ficavam os patinetes. Para localizá-los, o usuário usa um mapa do aplicativo que mostra onde estão as unidades disponíveis. O desbloqueio é feito pelo app. As chaves ficam guardadas no porta-luvas... O usuário, depois de rodar, pode deixar o carro em qualquer ponto do raio definido pela Awto, o que inclui vagas na rua e estacionamentos parceiros...”.

Socorro! Maluquice, insanidade, devaneio. Vai acontecer rigorosamente o mesmo que aconteceu com os tais patinetes elétricos, lembram...

Exame, 29 julho 2020, 15h56: “fim da moda e prejuízo: como Grow, ex-Yellow, foi do boom à lona...” “A Grow, fusão da brasileira Yellow com a mexicana Grin no início de 2019, acaba de pedir recuperação judicial... Nas justificativas, a pandemia... De verdade, o negócio jamais fez o menor sentido.”

Como agora acontece com o patético e irrelevante e complicado e inacessível negócio de nanolocação de autos...  Aliás, e a começar pela denominação nano... Dando uma exata não dimensão da não oportunidade...

Francisco Alberto  Madia de Souza é consultor de marketing
fmadia@madiamm.com.br