Costumo repetir, sempre que julgo oportuno, que o dinheiro não vem quando você precisa dele, o dinheiro vem quando ele precisa de você. A ansiosa busca pelas “novas oportunidades” oferecidas pelo mercado está levando um monte de gente a especializar-se em tecnologia da informação, de modo a se encaixar nas tantas vagas disponibilizadas.

São profissionais que precisam de dinheiro para sobreviver e, portanto, estão correndo atrás dele. E fazendo um mau negócio. O salário atribuído a algumas especializações que viraram objeto do interesse de milhões de pessoas para preencher milhares de vagas costuma ser baixo.

Afinal, trata-se de uma oferta de mão de obra que não para de crescer, através da formação massiva de técnicos com atribuições complementares e secundárias. E a criação, como vai? Lembro que, em palestras para estudantes, costumava alertá-los de que, ao completarem seus cursos, a grande maioria receberia na testa um carimbo de desempregado.

Ou seja, se tornava um candidato a ganhar pouco. Sim, todo desempregado representa, em primeiro lugar, uma oportunidade para um empregador pagar pouco.

Estavam, então, no curso errado, me perguntavam. Não, não estavam no curso errado, estavam era usando um jeito errado de encarar o curso que faziam.

Buscavam fazer do curso, uma condição para correr atrás do dinheiro das vagas oferecidas, quando deveriam fazer do curso uma condição para se tornarem necessários para as vagas que não estavam sendo oferecidas. Sim, aquelas vagas em que, em vez de você correr atrás do dinheiro, o dinheiro é que corre atrás de você.

Dificilmente vagas importantes são anunciadas, embora elas estejam permanentemente abertas. Aliás, quanto melhor uma vaga, mais disponível, intrinsicamente, ela é. Não devemos, portanto, buscar, primariamente, na nossa formação, uma capacitação para preencher vagas que o mercado demanda em quantidade, os chamados empregos.

Mas, sim, cuidar de nos capacitarmos para resolver problemas estruturais inerentes ao cerne do negócio. Não é perguntando se tem vaga que nos habilitamos para que o dinheiro corra atrás de nós.

Isso, no máximo, vai nos arranjar um empreguinho mal pago. A pergunta desaforada, a que poucos se ocupam em ganhar autoridade para fazer, é “aqui tem problema?”. Claro que tem. Toda empresa tem problemas.

E o maior deles é achar que não tem problemas. Talvez resida aí a sua maior chance de ocupar uma vaga que preste, a chance de criar um problema que o negócio não tem. Certamente um problema a que ninguém melhor do que você estará em condições de resolver.

Estudar tecnologia é importante, claro, principalmente para demandar os técnicos com clareza. Mas o que faz a diferença é estudar os negócios, sob a perspectiva da filosofia.

Todo negócio tem, como sustentação, uma proposta filosófica. Se você for capaz de decifrá-la e contrastá-la com as circunstâncias filosóficas do mercado, no mínimo, você será capaz de elaborar soluções originais.

A maioria das empresas costuma ter práticas medíocres. É isso o que eu chamo de oportunidade de mercado, as vagas perenes para quem se dedicou a ficar acima da média. E que não está atrás das vagas oferecidas para quem vive na “correria”.

Stalimir Vieira é diretor da Base de Marketing
stalimircom@gmail.com