Pagliarini: “Haverá a necessidade de desaprender coisas e aprender novas, o tempo todo” (Unsplash)

Na semana passada, ocupei este espaço para discorrer sobre os primeiros 5 pontos que, na minha visão, deverão nortear ações nesta década que se inicia em 2021. Salientei que, independentemente dos desafios que deveremos enfrentar neste ano – que continuará muito complicado –, não podemos nos esquecer que estamos iniciando uma nova década e, junto com ela, novas perspectivas. 

As 5 tendências que destaquei no artigo anterior foram: 1 – Criativismo; 2- Empregos, não; trabalho, sim!; 3- Gen Z X Gen V; 4- High Tech X High Touch e 5- (R)evolução político-social. 

Caso não tenha lido o artigo da semana passada, recomendo que o faça para ter o quadro completo. Basta dar uma busca no PROPMARK digital. Vamos então aos 5 pontos restantes para completar os 10 insights para a nova década. 

6- Big data X LGPD. Os dados são o novo petróleo. Não à toa, as empresas com maior acesso a dados estão entre as mais valiosas do mundo. Porém, junto com esse poder de captação e processamento de dados, vem a preocupação com seu uso indevido. É crescente essa preocupação em todos os cantos do mundo e espera-se maior regulação e controle por parte dos governos. Um efeito colateral desse controle é também a taxação dessas megacorporações, cujo faturamento supera o PIB de muitos países. 

7- A única coisa que sei é que nada sei. A educação será uma preocupação crescente nessa década. Como educar crianças com acesso a um oceano de informação em poucos cliques? Para que longos anos de formação em bancos de escolas se a Inteligência Artificial terá respostas prontas a quase todas as questões? Por outro lado, a velocidade da inovação exigirá das pessoas uma educação contínua. 

Haverá a necessidade de desaprender coisas e aprender novas, o tempo todo. A única coisa que não muda é a certeza da mudança. Quem não tiver desapego às suas crenças, terá dificuldade de conseguir um lugar ao sol no ambiente cada vez mais competitivo e mutante no campo do trabalho e do empreendedorismo. 

8- Aqui, ali, em qualquer lugar. Com a consolidação do home office, impulsionada pela pandemia do coronavírus, o local de trabalho se torna algo fluido e flexível. Na verdade, o home office dá lugar ao anywhere office. Ou seja, podemos trabalhar de qualquer lugar. Basta ter acesso a uma boa conexão e aparelhos adequados. Será também a década de profundas modificações na mobilidade urbana, com veículos autônomos se tornando realidade.

9- Adeus, CO2! O crescimento das fontes de energia alternativa, sem emissão de CO2, será marcante na década que se inicia. Não será nessa década o fim da emissão de CO2, mas todas as montadoras de automóveis privilegiarão o carro elétrico, prevendo-se o fim da produção de carros movidos a combustíveis fósseis até o fim da década. O crescimento de uso de energia eólica, solar, de células de hidrogênio e de energia alternativa em geral será exponencial, criando infinitas oportunidades para empresas e países antenados. 

10- Quem não se comunica… Sendo um profissional de comunicação, não poderia deixar de fechar esta série de insights com uma alusão a essa especialidade. Sabe-se que mais de 2/3 dos problemas, sejam eles de qualquer natureza, são decorrentes da má comunicação, ou da ausência dela. 

A boa comunicação será cada vez mais fundamental nesta década. Com o crescimento vertiginoso do acesso às pessoas e das possibilidades de engajamento, a comunicação será menos unilateral. 

Não bastará emitir comunicação, será preciso trazer o interlocutor para perto, não apenas como um receptor da mensagem, mas também como um coparticipante dela.

E o rigor da verificação da veracidade da informação será vital para se evitar as famigeradas fake news, o que dará longa vida aos veículos de comunicação sérios e ciosos da verdade e da independência da informação. 

Encerro essa reflexão com otimismo, na esperança de que o homem saberá fazer desta década que se inicia um período de inflexão para um mundo melhor.