No último dia 20 de fevereiro, participei de mais uma edição do Esfe – Encontro do Setor de Feiras e Eventos. Foi a 19ª edição, organizada com competência pelo incansável Otávio Neto.

Fiz um dos talks do evento, sob tema “Criatividade com propósito”. Tive um feedback muito positivo do público presente, o que me inspira a tratar do tema aqui, neste espaço.

Não é a primeira vez, nem será a última que farei isso, já que estou convencido de que a união da criatividade com propósito é a salvação do mundo. Exagero?

Sinceramente, não acho. Vamos definir propósito. Propósito vem do latim proponere: pro – à frente e ponere – colocar.

Colocar à frente. Colocar em perspectiva, seria sua definição estrita. Mas eu gosto de definições mais elaboradas. Por exemplo, a do Oxford: “Grande vontade de realizar ou de alcançar alguma coisa”.

Imagine se os líderes, gestores de empresas e as pessoas em geral tivessem uma vontade coletiva de melhorar o mundo. Vontade de alcançar uma condição melhor para todos.

Bastaria isso para salvar o mundo, não? Mas, infelizmente, essa condição é utópica e difícil de se concretizar. Muita gente tem propósitos menos nobres, tais como: ficar muito rico ou dominar o mercado.

Não que esses propósitos não sejam válidos, mas dá para conciliá-los com outros mais empáticos? Segundo John Elkington (Sustainability) e o movimento Capitalismo Consciente, dá!

Sim, é possível se dar bem na vida e nos negócios respeitando as pessoas, o meio ambiente e a ética, de forma geral. É possível conquistar a liderança de mercado e ter o propósito de fazê-lo sob o guarda-chuva ESG.

Aliás, pesquisa recente da Standard & Poors, nos EUA, envolvendo as empresas listadas na Bolsa, mostra que, quanto mais a empresa se engaja aos princípios ESG (respeito socioambiental e ético), melhor é a sua performance. Ou seja: um propósito nobre não é excludente ao lucro.

Mas então por que as empresas – todas – não adotam tais princípios? Boa pergunta! Imagine – somente imagine – como esse mundo seria melhor.

Pois bem, vamos agora para a criatividade. Não vou chover no molhado, defendendo o poder da criatividade num veículo voltado a profissionais de comunicação e marketing.

Mas, sim, precisamos da criatividade para fazer as coisas de modo diferente! Não basta um propósito altruísta e respeitoso.

É preciso buscar o brilho da criatividade para marcar a atitude. É preciso realizar o diferente para mudar o mundo.

Como fez a marca de comida para gatos Sheba, adotando a iniciativa de recuperar recifes de corais pelos mares do mundo.

A atitude já faria sentido pelo objetivo nobre, mas a empresa justifica sua ação pensando nos peixes, que são a matéria-prima dos seus produtos que precisam dos corais para se procriarem.

O nome do case – ‘Hope’ –, de esperança, é visível do alto pelo Google Earth, já que os módulos de criação de novos corais são enormes e formam a palavra Hope.

Feito dessa forma criativa, o case foi Grand Prix em duas categorias (Media e Industry Craft) no Cannes Lions 2022.

Na edição deste ano, a Renault ganhou Grand Prix com a ideia de transformar os atuais proprietários de carros elétricos na França em provedores de estações de recarga.

Ou seja, um tipo de Airbnb de recargas de carros elétricos. Uma solução criativa para um problema que inibe a compra de carros elétricos (que diminuem a pegada de CO2): a falta de postos de recarga.

Pronto! Criatividade com propósito! Imagine se todos passassem a pensar assim, idealizando formas de aliar propósito com criatividade. Imagine!

Não seria a garantia de um mundo melhor? Eu sei que você deve estar me achando utópico. Mas, como disse John Lennon, na sua música ‘Imagine’: “Você pode dizer que eu sou um sonhador. Mas eu não sou único”.

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br