O conceito de comunidade é um dos que mais crescem nas redes sociais. Afinal, todo mundo quer saber o que acontece no seu bairro e sobre o que pode interferir ou atrapalhar a rotina, por exemplo. E as plataformas passaram a cumprir o papel de conectar as pessoas e dar acesso a informações de interesse mais próximas. A Meta, por exemplo, promete para 2023 o lançamento do WhatsApp Comunidades, que permitirá a criação de grupos com até 1.024 participantes, estratificados sob uma mesma temática.

O fato é que a grande mídia se distanciou da informação hiperlocal, do jornalismo de serviços, deixando a sociedade à deriva neste aspecto. Felizmente, parece que há uma intenção de reavivar essa prestação de serviço exatamente na mídia impressa, que no passado tinha cadernos específicos para atender essa demanda do leitor por notícias da vizinhança.

O movimento mais recente foi idealizado pelo jornal O Estado de S.Paulo, que no último mês de outubro lançou o projeto Estadão Expresso Bairros, em parceria com a agência Momentum e suporte da Prefeitura de São Paulo.

“Percebemos que havia uma demanda muito forte por conteúdo hiperlocal. Existe muita informação em cada bairro, que acaba sendo desperdiçada”, observa Luís Fernando Bovo, diretor de conteúdo e operações do Estadão Blue Studio, hub de publicidade que desenvolve com agências e clientes soluções de negócios fundamentadas em dados e performance.

Além de revalorizar a demanda da população, o projeto consolida novas oportunidades de negócios e receitas potencialmente patrocinadas por anunciantes interessados em se aproximar de comunidades. A versão impressa do Estadão Expresso Bairros é distribuída gratuitamente nas bancas, estações de trem e metrô, além de terminais de ônibus, com 32 edições customizadas mensais, uma para cada sub-região da cidade, com cerca de 1 milhão de exemplares.

No portfólio, ainda está o Estadão Expresso, no digital, e o Estadão Expresso na Perifa, que traz conteúdos produzidos pelos coletivos comunitários Embarque no Direito (SP), Favela em Pauta e Perifa Connection (RJ), Lá da Favelinha (MG) e TV Periferia em Foco (PA).

Das cinco dimensões geográficas tratadas no jornalismo, a ultralocal é justamente a que oferece mais oportunidade de expansão, em detrimento da internacional, nacional, regional e municipal.

“A nossa vida acontece cada vez mais no bairro, por questões de mobilidade e facilidade. Mas somos quase cegos e surdos sobre o que ocorre à nossa volta. Veículos e organizações profissionais no mundo estão identificando esse espaço”, atesta Marcelo Rech, presidente-executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ).

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Cenp
O Cenp (Fórum da Autorregulação do Mercado Publicitário) reuniu o mercado na semana passada, em São Paulo, para mostrar os avanços que a entidade teve desde a chegada do publicitário Luiz Lara, chairman da Lew’Lara\TBWA, à presidência do conselho no início
de 2022.

Flexibilidade, compreensão dos elos digitais, compartilhamento de ideias, sustentabilidade, transparência, visão híbrida e as novas formas de gestão de mídia fazem parte do ecossistema que o Cenp está orquestrando.  Nessa nova fase, que deixa de ser fiscalizadora e punitiva para se concentrar na harmonização do negócio da propaganda, o IAB (International Advertising Bureau) retornou aos quadros da entidade, que também está em conversas avançadas com a ABA (Associação Brasileira de Anunciantes) para voltar em 2023. Ambas deixaram os quadros do Cenp por divergências com seu antigo modelo.

Armando Ferrentini é publisher do PROPMARK