Em seu curto espaço de vida, a internet brasileira nunca foi tão questionada como agora. Especialistas afirmam que é natural, afinal a web comercial tem pouco mais de 20 anos no país e ainda está em pleno desenvolvimento.

Porém, o avanço das fakes news e a crescente onda de violência nas escolas aumentaram a pressão sobre a polêmica votação do Projeto de Lei 2630, conhecido como PL das Fake News, que pretende regulamentar as redes sociais no Brasil.

Na semana passada, a votação foi adiada novamente na Câmara dos Deputados por falta dos apoios necessários e ainda não tem uma nova data definida. A proposta quer criar a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet.

De um lado, o governo federal se mobiliza para que o projeto de lei seja aprovado e, de outro, as big techs defendem que o PL precisa ser mais discutido. “O PL das fake news pode aumentar a confusão sobre o que é verdade ou mentira no Brasil”, declarou o Google em carta aberta na semana passada, levantando uma série de pontos contrários ao PL.

Em meio à polêmica, os negócios ligados à internet continuam bem, obrigado, mas o sinal de alerta foi ligado. De acordo com recente estudo da Nielsen, a publicidade digital no país desacelerou no primeiro trimestre de 2023, com encolhimento de 23% ante o mesmo período do ano passado.

Já o segmento de retail media, por exemplo, é um fenômeno que cresce exponencialmente a cada ano na esteira do desenvolvimento dos canais digitais e tornou-se a terceira onda global da publicidade online.

Segundo a empresa norte-americana Statista, que compila diversos estudos e fontes do varejo, a previsão é de que a receita de retail media já movimente US$ 168 bilhões globalmente. A pesquisa mostra, ainda, que os gastos dos anunciantes nos canais próprios dos varejistas devem crescer a uma taxa de 22% ao ano.

No Brasil ainda não há estudos específicos sobre retail media. Mas, no começo deste ano, a emarketer divulgou um estudo apontando que o Brasil tinha perspectiva de crescimento de vendas em
e-commerce (17%) e de investimentos em publicidade (11,3%) maior que a média mundial.

Reportagem nesta edição mostra como é a estratégia de publicidade que permite às marcas colocarem anúncios dentro de espaços digitais de empresas varejistas, físicas ou online.

Os dados usados para a segmentação das ofertas são fornecidos diretamente pelo próprio varejista. Ou seja, a segmentação é feita com base nas informações dos usuários já cadastrados e coletadas pelo próprio varejista. É uma vantagem clara em relação à coleta de dados e à privacidade dos consumidores.

Cannes Lions
O PROPMARK começa nesta semana a série de entrevistas com os jurados brasileiros no Cannes Lions. O projeto editorial, que já se repete há alguns anos, tem como objetivo apresentar a visão de mercado e as expectativas dos profissionais escolhidos para representar o país nos júris do maior festival de criatividade do mundo, que neste ano chega à 70ª edição. Em 2023, 27 publicitários que atuam no mercado brasileiro estarão na bancada da premiação, sendo 16 deles mulheres.

Edição de aniversário
No próximo dia 22 de maio, circula a edição especial de aniversário dos 58 anos do PROPMARK, sob o tema Reputação das marcas. O jornal vai trazer diversas análises e matérias relativas ao assunto, além de artigos de opinião sobre as estratégias de comunicação em tempos de brand safety, que se tornou mais uma preocupação com a publicidade digital.

Armando Ferrentini é publisher do PROPMARK