Seria clichê falar de Caetano. Ainda bem que sou bem clichê. Caetano é o nome da minha escolha de vida. Ele pesa 7 kg e é dono de um par de olhos amendoados que brilham com seu sorriso banguela. Clichê, eu avisei...
Apesar do romantismo inicial do texto, nem sempre foi assim. Eu não queria filhos. Eu sempre me vi em uma cadeira do escritório, salto alto, maquiagem, roupas de grifes, fazendo apresentações aos clientes, com um único objetivo: ter uma carreira brilhante e voar mais alto possível.
Rotina típica paulistana: acordava, café preto, comia algo correndo, pegando tudo, colocava o sapato na porta de casa já chamando o elevador. Taxi, celular, e-mails, fone no ouvido. Nervosa pelo trânsito que não ajudava. Agência, largava tudo na mesa, pegava água com a ilusão que beberia 2 litros por dia, ligava computador, primeira reunião, segunda, terceira pegando um café (que já era o décimo do dia).
Almoço. Já almoçou na Vila Olímpia? Caos. Mas fazia parte. À tarde repetia a manhã e no fim do dia, com meu meio litro de água bebido, ia para a academia. E, por fim, voltava para casa e morria no sofá vendo algo aleatório na TV, sem atenção.
A pandemia de 2020 mudou tudo, o home office virou realidade. Trabalhar de onde quiser? Sim!. Mudei para Ilhabela há 3 anos. E com a mudança, veio Caetano.
Desacelerando tudo e vendo que aquele caos não era o que me faria ter tudo que almejei profissionalmente, meu filho também não seria uma barreira. Talvez meu pensamento seja velho, mas tenho quase 40 e vim de outra época da publicidade. Uma época em que a escolha da maternidade não era simples.
Não tínhamos os nomes dos nossos filhos no linkedIn. Tínhamos afastamentos de projetos, demissões pós-licença maternidade, carreiras comprometidas.
Pensamento velho, eu sei.
Mas, com o tempo, comecei a olhar ao meu redor e ver quantas mulheres que conheço são mães maravilhosas com carreiras brilhantes. Líderes que trabalham comigo que foram promovidas na volta da sua licença. Hoje vivemos um mundo onde as escolhas são cada vez mais pessoais. Temos uma liberdade que ontem não tínhamos e amanhã teremos mais do que temos hoje. E espero que siga assim sempre!
Falei de Caetano, afinal? Caetano nasceu um mês antes do que deveria, escolheu um dia após o meu aniversário. Veio para me mostrar que na geração dele, as escolhas já começam no nascimento.
Temos 39 anos de diferença de idade. Vou ter de correr na atualização desse mundão para poder entender a cabeça dessa geração que chega, chegando.
Espero que eu possa ajudá-lo em suas escolhas, mas também estou curiosa para saber quais ele vai querer seguir.
Dono dos olhos amendoados, sorriso banguelo, que hoje deu seu primeiro passo engatinhando. Minha melhor escolha da vida!
Carolina Gonçalves é consumer business director da McCann Health Brasil