O SXSW 2025 acabou de terminar, e uma coisa está clara: estamos em um ponto de virada, não apenas na tecnologia, mas na maneira como pensamos sobre o motivo pelo qual a desenvolvemos. Este ano, a discussão não girou em torno de mais aplicativos, mais IA ou mais barulho, mas sim sobre recalibrar o que de fato importa. Foi um evento marcado por perguntas mais difíceis e pela busca por inovações que tragam um impacto significativo para a sociedade.

O mundo hiperconectado trouxe conveniência, mas também gerou um vácuo de interações significativas. Agora, as marcas têm um papel fundamental: mais do que vender produtos, elas podem facilitar conexões genuínas e contribuir para um capital social mais forte.

Se antes o foco do marketing estava no engajamento digital a qualquer custo, hoje a tendência se volta para a construção de experiências que gerem impacto real na vida das pessoas. Isso significa ir além da hiperpersonalização e dos algoritmos e criar espaços para interações humanas mais profundas.

A nova economia das interações humanas coloca as marcas em uma posição estratégica. Empresas que conseguirem ser catalisadoras de conexões significativas entre pessoas, comunidades e cultura sairão na frente. Isso se traduz em iniciativas que promovam interação autêntica e solidifiquem laços, seja por meio da tecnologia, seja por meio da humanização dos pontos de contato.

Esse movimento abre espaço para modelos de negócios baseados em pertencimento e colaboração. Plataformas que incentivam encontros no mundo real, agentes inteligentes que se tornam verdadeiros facilitadores do cotidiano e estratégias que resgatam o valor das interações presenciais demonstram como essa tendência pode ser explorada de maneira positiva.

A inteligência artificial e a hiperpersonalização não precisam ser vilões desse cenário. Quando utilizadas estrategicamente, essas tecnologias podem aproximar pessoas e oferecer experiências mais relevantes, desde que sejam empregadas com intencionalidade. O desafio está em garantir que essas ferramentas sirvam para fortalecer as relações humanas, e não apenas para maximizar interações vazias.

A tendência é positiva: estamos caminhando para um futuro onde marcas bem-sucedidas serão aquelas que entendem seu papel na construção do capital social. Inovação e humanização precisam andar juntas, criando pontes entre a tecnologia e as necessidades emocionais das pessoas.

Marcas que ajudarem a redefinir o conceito de conexão, colocando a interação humana no centro da estratégia, não apenas conquistarão consumidores, mas também contribuirão para uma sociedade mais engajada e menos solitária. O caminho está traçado: não se trata apenas de vender mais, mas de construir algo que realmente faça diferença.

Samir Ramos é co-CEO e co-founder do smarters