A COP30, que acontecerá em Belém do Pará em novembro de 2025, será o evento climático mais importante da década.

Com uma projeção de mais de 70 mil participantes, incluindo chefes de Estado, investidores, acadêmicos e ativistas, o evento coloca o Brasil no centro do debate global sobre sustentabilidade.

Para as marcas, essa é uma oportunidade única de demonstrar comprometimento real com as agendas climática e social. No entanto, muitas ainda hesitam, temendo serem vistas como oportunistas ou superficiais.

Para uma comunicação eficaz nesse contexto não basta uma boa narrativa, é preciso ter substância.

Ou seja, para uma marca interessada em se posicionar na COP30, a questão não deveria ser apenas “o que dizer”, mas “o que fazer”.

A melhor abordagem é a que combina estratégia e transparência: ter um discurso alinhado com práticas reais, baseando-se em dados e resultados mensuráveis.

O público que acompanha esse evento é altamente qualificado e exigente; qualquer tentativa de greenwashing será percebida e duramente criticada.

Em contrapartida, marcas que se comprometem de forma genuína e comunicam isso de maneira inteligente têm a chance de fortalecer sua reputação e se posicionar como protagonistas da transformação sustentável.

A teoria do Valor Compartilhado, proposta por Michael Porter e Mark Kramer, oferece um caminho sólido para ir além do discurso e construir uma participação legítima.


Diferentemente do modelo tradicional de responsabilidade social corporativa, que muitas vezes funciona de forma periférica ao negócio, o Valor Compartilhado propõe que o impacto social positivo esteja diretamente conectado à estratégia empresarial.

Na prática, isso significa que a comunicação deve refletir ações concretas.

Não basta simplesmente patrocinar uma iniciativa ou lançar uma campanha publicitária; é preciso demonstrar como as operações da empresa e seus produtos ou serviços contribuem para a solução dos desafios climáticos e sociais.

Marcas que realmente transformam sua cadeia de valor – seja reduzindo emissões, apoiando comunidades locais ou investindo em inovação sustentável – têm histórias legítimas que merecem ser contadas.

A construção de parcerias também é essencial.

Oportunidades de cocriação com organizações ambientais, pesquisadores, comunidades indígenas e startups de tecnologia verde aumentam a credibilidade das ações empresariais e fortalecem sua relevância na conversa global.

Essas colaborações devem ser comunicadas com clareza, destacando impactos tangíveis e longevidade das iniciativas.

Mais do que uma vitrine, a COP30 é um palco para ações que fazem a diferença.

A comunicação das marcas nesse contexto não pode ser tratada como um adereço, mas como um reflexo de um trabalho sério e contínuo.

É disso que o mundo precisa – e é isso que o público espera.

Raphael Vandystadt é diretor de sustentabilidade e ESG da Africa Creative