Muitos queridos amigos me cobram uma explicação, sob a ótica do marketing, da compreensão e entendimento das razões e motivos que comandam nossas ações, nós, seres humanos, como cidadãos, trabalhadores, consumidores e todo o mais, a propósito do tal do metaverso. Hoje decidi me arriscar numa primeira tentativa de atender e procurar responder a essas perguntas. Um dia nosso adorado mestre e mentor, Peter Drucker, mais de 50 anos atrás, desabafou sobre aquilo que a ele parecia ser uma insensatez. Transportar, todos os dias, milhões de pessoas, de suas casas ao trabalho, e na volta do trabalho às suas casas, pesando entre 80 e 90 quilos, quando tudo o que precisavam eram de seus cérebros pesando menos de 3 quilos. Existia a consciência do absurdo e insensatez, mas nenhuma solução nem a vista, e, muito menos, próxima.
E assim a população das cidades foi crescendo, as ruas entupindo-se para transportar na ida e na volta pessoas com seus 90 quilos quando tudo o que as empresas precisavam era de seus cérebros com menos de 3 quilos. E em conta gotas, de forma silenciosa e sem alarde, inovações foram se revelando, eliminando a necessidade de as pessoas movimentarem-se insensatamente. Primeiro o fax, depois a internet, mais adiante smartphones, tablets, notebooks, motoboys, uma nova cultura se manifestando, e tudo eclode agora neste início da década de 2020.
Aí veio o aditivo que faltava, a pandemia, e tudo passou a ser, diante das verdadeiras possibilidades, gadgets e tecnologia dominados, para ontem. E aí Mark Zuckerberg começou a falar e se apropriar do conceito e entendimento de um tal de metaverso, novos aplicativos de teleconferência e facilitadores do trabalho a distância foram chegando de forma acelerada e sendo adotados, e finalmente, agora, nos descobrimos, nos portais de um Admirável Mundo Novo. Onde o metaverso é, talvez, sua principal componente. Neste preciso momento, aceleradas pela pandemia, milhões de empresas em todo o mundo planejam a mudança radical em sua forma de trabalhar. E todas, com poucas exceções, começando a entender o tal do metaverso. Se para muitas coisas queridas e boas da vida o metaverso é um tédio, para muitas outras, diante da impossibilidade de seguir como vínhamos transportando os 80 e 90 quilos de pessoas das quais apenas precisávamos dos cérebros com menos de 3 quilos, o metaverso é uma redenção. Para não me alongar mais, sim, o metaverso, desta vez é definitivo e pra ficar. Sorria, ou chore, a decisão é sua. Mas, é irreversível. É assim que somos e seremos dia após dia. Vou tentar sintetizar da maneira mais básica possível. Comer em casa, e comer em restaurantes.
No quesito trabalho, muito rapidamente, passaremos a trabalhar de nossas casas, a distância, a maior parte de nossos dias em casa, mas no e através do metaverso, e assim, finalmente, voltaremos, por exemplo, a comer em casa como quase todos procediam há um século. Vez por outra, sempre que importante, necessário e humano, bateremos o ponto e comeremos em restaurantes. Faremos reuniões presenciais com as pessoas que amamos, de intensa alegria e infinita emoção. Serão esses os grandes e especiais momentos de nossas vidas. Isso posto, todos, em maior ou menor proporção e velocidade, mudando-se para o metaverso, mas preservando uma posição no mundo real, para momentos especiais e de grande felicidade. Quase todas as nossas compras migram, hoje, aceleradamente, para o a distância, em sites e portais que não deixam de ser os novos pontos de venda num já e quase metaverso. E os mais que queridos, amados e frequentados shopping centers vão se convertendo em living centers, como comentei com vocês dois anos atrás... É isso. E... não tem volta!
Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing
famadia@madiamm.com.br