Saí do Nordeste, mas o Nordeste jamais saiu de mim. E nem irá! Suas cores, sabores, sonoridades, texturas e temperaturas são referências que aplico, ainda que inconscientemente, em diversos projetos. Daquele espaço reservado no meu coração, sem que eu perceba, salta um insight para um evento, até fora da região, como Oktoberfest. Seja para um projeto na Festa de Parintins, Círio de Nazaré ou para uma das festas de São João no Nordeste.

Embora, para festas regionais, essa visão seja importante, ela não pode ser exclusiva. Ter essa postura de olhar diferenciado, entendendo características e sotaques, é relevante e fundamental também em eventos de outros centros, como, por exemplo, viabilizando uma promoção no Rock in Rio, The Town, festas de peões no interior de São Paulo ou em campanha de incentivo para o público interno de um cliente multinacional.

Minhas raízes são importantes e representadas em cada projeto, por mais cosmopolita que ele seja. Essa é uma particularidade que deve ser sempre valorizada e pode ajudar a criar estratégias de comunicação mais efetivas, que respeitem tradições locais e sejam mais relevantes para o público-alvo. Entender como uma marca pode conversar de forma mais efetiva com públicos diversos possibilita  tirar o melhor proveito e resultados possíveis.

É com muita força (uma característica, sim, de todo brasileiro e não específico apenas de uma região) que sigo empreendendo em um país cheio de percalços, em um mercado repleto de transformações. Quem convive comigo sabe bem que meus pensamentos se cruzam rapidamente em uma mesma conversa. Vou do sertão à praia em instantes, porém, sempre em boa companhia.

As pessoas da minha equipe também levam sua experiência de vida e suas marcas nos projetos. Um staff múltiplo, composto por pessoas de todas as idades, crenças e origens, leva a vida a novas ideias. Sozinhos não fazemos nada e daí a necessidade de se inspirar em todas as sonoridades do nosso time, nos devaneios coletivos de um brainstorm, nas crenças e descrenças de cada cliente. Porque quando ele não acredita numa ideia é aí que temos de arrumar os melhores argumentos.

Ouvir também é inspirador e fundamental na criação e no desenvolvimento de um projeto, independentemente de onde e como ele seja feito e/ou aconteça. Uma marca não pode fingir que entende da cultura local. O consumidor perceberá, de imediato, essa estratégia equivocada. É preciso compreender as especificidades de cada região, manter ligação com fornecedores locais e se aproximar verdadeiramente do público-alvo.

Quando se cria uma ação para determinado público, conversando com ele diretamente, além de trazer um sentimento de orgulho e pertencimento, contribuímos para o fortalecimento da identidade local, gerando impactos positivos naquela comunidade. Os “locais” e mesmo quem vem de fora tendem a se identificar e se engajar com marcas que entendem origens e vivências de cada região.

Assim, não importa a festa ou evento, o tamanho ou a região em que aconteça, mesmo grandes celebrações em centros maiores, carregar a minha origem é um orgulho para mim. Poder colocar esse “molho” em cada ação que organizamos faz a diferença. Entendo que minha busca é  inspirar pessoas e ser inspirada por elas! Um círculo (virtuoso) infinito.

Chris Bradley é CEO da Batux