Formato impensável antes da pandemia, o modelo de trabalho híbrido se instalou em praticamente todos os mercados. Após o home office funcionar durante o período de restrições da Covid, aos poucos o modelo híbrido, que representa a junção da jornada  presencial do colaborador na sede das empresas com o trabalho a distância, se impôs.

Mas o que não faltam são notícias de companhias, incluindo as big techs, pedindo para que seus funcionários voltem ao trabalho presencial. Em comunicado logo após o início da flexibilização das regras de isolamento no ano passado, Google e Amazon exigiram a volta de suas equipes ao presencial, mesmo após constatar que a maioria de seus funcionários não queria sair de casa. O exemplo mais recente no setor é o do Zoom, plataforma de videoconferência que virou símbolo do home office durante a pandemia.

A questão é que várias empresas sentem dificuldade em capacitar os funcionários mais jovens remotamente, pois quando eles estão presentes no escritório nem sempre sobra tempo para treinar essa força de trabalho da forma que era feito antes. Outro problema é absorver a cultura quando se está distante.

No mercado publicitário, não é diferente. Apesar de o modelo híbrido ter se transformado em uma nova cultura de trabalho, há um movimento entre as agências de publicidade para que os colaboradores estejam presentes mais dias nos escritórios.

Exemplo disso partiu da Publicis, nos Estados Unidos, que convocou funcionários das agências digitais a comparecerem três vezes por semana sob pena de punições, caso não cumpram a regra. Uma fonte confidenciou ao propmark que essa exigência pode chegar ao Brasil - atualmente, os funcionários do Publicis Groupe devem comparecer dois dias por semana nas empresas da holding.

O desafio das empresas, em geral, está em encontrar o ponto de equilíbrio entre o trabalho presencial e o remoto. De acordo com levantamento da plataforma de coworking BeerOrCoffee, 42% das pessoas que passaram a trabalhar de casa em função do isolamento querem continuar assim. Principalmente para atividades que demandam mais criatividade. Várias pesquisas apontam que esse modelo é o preferido, tanto entre os executivos C-Level como entre os colaboradores em geral.

A FGV divulgou uma pesquisa que aponta que 71% acreditam na flexibilização como futuro do trabalho. Já de acordo com a consultoria Mckinsey & Company, 52% apontam o sistema híbrido como o ideal.

Por outro lado, várias pesquisas mostram o declínio na oferta de vagas de emprego com a possibilidade de trabalho remoto. Em fevereiro deste ano, de acordo com dados do LinkedIn’s Economic Graph, quase 25% das vagas publicadas na rede mencionaram a possibilidade de trabalhar remotamente, incluindo o formato híbrido. Um ano antes, eram 39% do total.

Matéria nesta edição ouviu executivos de algumas das principais agências de propaganda brasileiras sobre o tema. De acordo com os depoimentos, cada um encontrou, a seu modo, a melhor forma de estabelecer os dias para que as pessoas estejam fisicamente nas agências. Seja com dias determinados ou não. O que não significa que esse modelo não possa ser revisado. Não é raro, inclusive, escutar de líderes que realizam pesquisas de clima com certa frequência.

“A sede da Galeria.ag foi projetada durante a pandemia, em um contexto em que as pessoas estavam acostumadas a trabalhar de casa todos os dias. Nosso intuito, então, foi proporcionar um espaço confortável para os funcionários, onde eles preferissem ir frequentemente, em vez de se sentirem pressionados a estarem lá.
Atualmente, as pessoas devem vir 10 vezes por mês ao escritório, mas podem escolher os melhores dias para estarem lá de acordo com a rotina e as demandas de trabalho”, ressalta Eduardo Simon, CEO e sócio-fundador da Galeria.ag.

Frase: “A curiosidade está para a imaginação, assim como a libido está para o sexo. Sem libido, não existe o sexo. E sem curiosidade, você não terá imaginação.” (Trecho do livro “Abaixo os gurus, salve os gurus”, de Walter Longo, editado pela Alta Books).

Armando Ferrentini é publisher do propmark