Se a criatividade é a matéria-prima da nossa indústria, a tecnologia é a grande propulsora da transformação. Mas é a capacidade de sonhar que inaugura novas possibilidades.

Martin Luther King Jr. sonhava com um mundo mais justo, John Lennon escreveu Imagine movido por essa mesma ideia e Einstein disse que imaginar era mais importante do que fazer.

Divagando sobre a indústria da comunicação, não faltaram pessoas visionárias: gente que imaginou novos formatos, narrativas, plataformas e maneiras de rentabilizar o capital.

Essas lideranças olharam adiante, sofreram críticas e foram desacreditadas, mas seguiram em frente. E aqui estamos nós, vivendo realidades que um dia foram
sonhadas.

A Singularity University cunhou o termo “Moonshot”, que significa um sonho gigante capaz de alcançar a Lua e as estrelas. Isso quer dizer que, mesmo se a gente errar um pouco, ainda assim, a magnitude será potente.

A fundação XPRIZE nasceu desse sonho. Enquanto muitas pessoas acham maluquice, outras investem e estudam soluções para reduzir a poluição, diminuir o uso de energia, aumentar a capacidade logística, melhorar a educação e facilitar o acesso à informação.

O livro Sonho grande mantém essa linha de raciocínio. Afinal, se dá o mesmo trabalho sonhar grande e pequeno, por que não buscar as mais incríveis inspirações? Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira contam como criaram impérios a partir de sonhos e, claro, muito esforço.

Levamos tão a sério o poder do sonho, por aqui que temos, na Fbiz, um chief imagination officer. Sim, seu papel é sonhar. Marcelo Lacerda sonhou com o início da internet no Brasil e criou a Nutec – mais tarde Zaz e Terra.

Em 1999, outro sonhador chamado Rogerio Silberberg sonhou com o Fulano, e Lacerda foi o primeiro investidor. Esse sonho foi a semente da Fbiz. Lacerda ainda sonhou com possibilidades criativas no campo da realidade imersiva e, assim, criou em Los Angeles a Magnopus, empresa líder em aplicações no metaverso.

Esse sonho nos levou até a Expo 2020 Dubai, para assistirmos in loco àquilo que eles criaram. Até agora não me recuperei do que vi.

Como o assunto aqui é inspiração, não poderia ter exemplo mais atual do que uma obra incrível que acabei de assistir na Netflix, Nunca deixe de sonhar: a vida
e o legado de Shimon Peres. Um homem que se dedicou à paz, caiu mil vezes e levantou outras tantas, mas nunca deixou de olhar além.

E, principalmente, um homem que nos ensinou a importância de ter um projeto maior, mostrando como a visão e a criatividade podem ultrapassar as agendas pessoais.

Em um país pequeno formado no meio do deserto, Peres abriu as portas para os mais avançados estudos tecnológicos, investiu pesado em educação e foi um dos mentores do que mais tarde veio a ser a “Start-up Nation”. Hoje, seu legado continua firme por meio do Peres Center for Peace & Innovation.

Com tanto a fazer na indústria da comunicação, com o que você sonha? Grande, pequeno, não importa.

Finalizo com a frase de Shimon Peres que não sai da minha cabeça desde que assisti ao filme: “Não me arrependo de nenhum dos meus sonhos. Meu único arrependimento é não ter sonhado mais”.

Paulo Loeb é CEO da Fbiz