Há pouco tempo conselhos de carreira ecoavam um aviso comum: evite posições focadas em tarefas repetitivas, visto que a automação as tornaria obsoletas. Isso gerou a crença de que funções exigindo maior criatividade e adaptabilidade seriam refúgios seguros. Contudo, essa percepção está sendo desafiada pelo avanço inovador de uma tecnologia conhecida como SORA, uma plataforma de inteligência artificial generativa, que tem o poder de transformar descrições textuais em vídeos de alta qualidade.

Com uma capacidade única de "criar do nada", essa tecnologia abriu as portas para a produção acessível de filmes publicitários, curtas e animações. Mais impressionante ainda é a perspectiva de que, em breve, até longas-metragens possam ser gerados a partir dessa base, questionando a segurança percebida nas profissões criativas.

Historicamente, a indústria audiovisual exigia não apenas talento criativo, mas também acesso a equipamentos caros, conhecimento técnico específico e uma rede de contatos, incluindo atores e profissionais da área. A chegada do SORA, mesmo em sua fase inicial, sugere uma revolução, desafiando essas barreiras tradicionais.

A mensagem para os profissionais do setor, assim como para ilustradores, redatores e até advogados, é clara: a adaptação é fundamental. Confrontar esta nova realidade de frente sem estratégia é um caminho para a obsolescência. Em vez disso, explorar as possibilidades que essas tecnologias oferecem pode ser a chave para o sucesso.

Os trabalhos mais impressionantes, seja em texto, ilustração ou vídeo, tendem a ser fruto da colaboração entre a criatividade humana e as capacidades da IA. A expertise e a inventividade dos profissionais são indispensáveis para instruir a tecnologia a produzir resultados verdadeiramente excepcionais. Em outras palavras, o diferencial humano continuará a ser um fator crítico.

O surgimento do SORA não é um sinal de que a criatividade humana será substituída, mas sim que as ferramentas à nossa disposição estão evoluindo. Para os diretores de vídeo, escritores e artistas, a tecnologia como o SORA representa uma oportunidade de ultrapassar os limites convencionais, impulsionando a expressão criativa para novas alturas.

Em uma era definida pela inovação constante, a tecnologia abre um novo campo de possibilidades, desafiando-nos a reinventar nossas abordagens e a repensar o papel da criatividade. A capacidade de adaptação não é apenas uma habilidade valiosa; é uma necessidade para prosperar no cenário atual.

A evolução tecnológica não anula nossa capacidade criativa; pelo contrário, convida-nos a expandi-la. A jornada adiante pode ser desconhecida, mas uma coisa é certa: a criatividade humana e a inteligência artificial, juntas, estão redefinindo os limites do que é possível.

Christiano Sobral é diretor-executivo do escritório Urbano Vitalino Advogados