Falar sobre inspiração pode, em um primeiro momento, parecer bastante fácil. Mas é só começarmos a pensar mais profundamente, que percebemos, na verdade, o quão difícil isso pode ser.

Podemos rapidamente fazer uma lista sobre pessoas e atitudes que nos motivam, nos ajudam a entender o mundo e o ser humano, que nos fazem refletir.

Mas inspiração, para mim, é bem mais do que isso.

A inspiração é algo que te acompanha por anos, às vezes décadas.

É algo que cresce dentro e vai tomando conta de tudo.

Não existe “inspiraçãozinha”.

É preciso e necessário se dedicar a ela, mergulhar, navegar.

Ao escrever esta introdução, eu mesmo começo a desvendar o que me inspira. Começo a encontrar inspirações que geralmente ficam camufladas debaixo de muitas camadas, escondidas com o passar do tempo.

Existe um sentimento que me acompanha desde a época em que eu, ainda pequeno, convivia com os meus avós.

O meu avô sempre foi uma pessoa muito correta. De uma maneira natural, ele sempre irradiou esse costume de enxergar e agir de forma correta. Cresci envolto nessa energia.

Nós, como humanos, erramos, é claro. Eu já cometi muitos erros e injustiças por aí, assim como já fui vítima de muitas situações desrespeitosas.

O importante é prestar atenção para que isso seja evitado.

Nesse sentido, acho que minha maior inspiração é buscar ser correto e ter pessoas corretas ao meu redor.

Esses últimos anos de polarização crescente na vida política, principalmente no Brasil, me fizeram voltar muitas vezes a esses pensamentos de quão correto era uma atitude ou outra.

É muito triste ver o excesso de manipulação de dados, ideias e fatos para que um ou outro se saia melhor no imaginário popular.

Não há absolutamente nenhuma preocupação com a verdade ou com as suas consequências.

Isso me faz um mal danado. Mas, não se pode ficar parado.

Costumo dizer, que para combater esse vírus, nada como continuar no próprio caminho.

Fazendo na sua vida, na sua família, no seu trabalho e na vizinhança o seu melhor.
Quer ajudar a mudar o mundo? Ajude a melhorar a sua rua.

Termino este relato com uma história antiga.

Há alguns anos, gravaram o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no meio de uma operação para combater a corrupção no processo dos leilões das teles.

O interlocutor, que posteriormente foi condenado, fez um comentário mirabolante para o presidente, que rebateu de forma simples e direta “Precisamos fazer o que for melhor para as pessoas”.

É o que precisamos, nos esforçar para fazer o melhor pelas pessoas.

Claudio Cinelli é diretor-executivo da Brigitte Filme