O início de um ano traz consigo uma importante oportunidade: olhar para frente e identificar as tendências que devem moldar o mercado nos próximos meses. Quais serão os possíveis temas em alta para 2025 e o que esperar da área de Relações Públicas?

Com base em pesquisas e sinais do mercado, reuni as principais apostas que prometem impactar o trabalho de PR nos próximos 12 meses. Seja no fortalecimento da imprensa em tempos de desinformação ou na exploração de novos formatos, já podemos vislumbrar mudanças interessantes para a área de comunicação.

Vamos a elas:

1- A desinformação e o resgate de credibilidade da imprensa  
Aqui o desafio é clássico, mas com o aumento das fake news e do acesso a todo tipo de (des)informação, torna-se mais complexo. Neste cenário, quase metade dos brasileiros (46%) evita notícias, segundo o Reuters Digital News Report 2024. O mesmo estudo mostra que, não à toa, o Brasil é um dos países com menor capacidade de discernir as notícias falsas das verdadeiras (apenas 54%, frente 60% da média mundial).

Para combater essa crise de desinformação, vemos crescentes movimentos de imprensa, sobretudo online, com checagem de fatos e dados, resgatando a confiança da população. A PR Week apontou que 85% dos profissionais de PR acreditam que a transparência será essencial para construir confiança.

2- Mais crises reputacionais à vista
Um país polarizado, com diferenças alimentadas pela política e economia, não espanta quando o Trust Barometer da Edelman aponta que 78% dos brasileiros avaliam que o país está mais dividido que no passado. 80% dos brasileiros apontam que a falta de respeito mútuo cresceu no país e 32% acreditam que não vale a pena tentar conversar com pessoas que tenham visões políticas diferentes das suas, superando a média internacional. Algoritmos criam câmaras de eco, as redes sociais encorajam os críticos de plantão, a desinformação torna as opiniões superficiais e criamos poucas oportunidades de discussões saudáveis e construtivas. O resultado? Crises reputacionais para administrar no on e no offline.

3- Líderes influenciadores
Creators? Jornalistas? Políticos? Não! O líder, principalmente o CEO, é o cargo que mais inspira confiança nas pessoas, depois de cientistas e professores. Porta-vozes precisam ter consciência do seu papel mobilizador e exercê-lo com cada vez mais capacitação, discernimento e consistência. O treinamento e acompanhamento desses líderes será mais necessário do que nunca.

4- Autenticidade e Humanização em alta
Já temos visto o poder da IA para automatizar algumas rotinas, desde a criação de conteúdo até o monitoramento de mídia e análise de dados. Ou seja, a inteligência artificial deve se expandir ainda mais na comunicação e ajudar as equipes a investirem mais energia e tempo em estratégia, construção de relacionamentos e, claro, na criatividade.

Segundo a Agência de Aplicação da Lei da União Europeia, em 2026, 90% do conteúdo online deverá ser gerado por inteligência artificial e aqui no Brasil, 56% dos jornalistas utilizam IA em suas atividades profissionais.

Por outro lado, segundo o Trust Barometer, da Edelman 2024, 86% dos consumidores disseram valorizar marcas que demonstram empatia e autenticidade. E isso deve crescer, principalmente quando falamos da geração Z, que valoriza experiências autênticas e presenciais para se conectar com marcas.

5- Um novo olhar sobre DEI  
Neste ano, grandes empresas, especialmente nos Estados Unidos, decidiram reduzir ou descontinuar seus programas de diversidade e inclusão. Isso acaba por impactar também as ações relacionadas ao PR para essa área, que pode vir a ter que lidar com crises e questionamentos, e exige um novo olhar sobre a forma de executá-las. É a hora de trabalhar com mais propriedade, transparência e, principalmente, autenticidade. Vale a pena ficar de olho nestas mudanças de cenário, ainda em transformação.

6 - O poder das microcomunidades
Acredito muito no poder das microcomunidades e do conteúdo gerado pelas pessoas comuns, genuínas, que compartilham seus gostos, desejos e dúvidas nas redes. A exemplo do que vivemos na era do Orkut, as pessoas têm se "juntado" para discutir temas específicos. Para quem trabalha com marcas, é uma oportunidade potente de participar da conversa e aprender/agregar muito. O Reuters Digital News Report de 2024 reforça a tendência, afirmando que 50% dos millennials confiam mais no UGC (User Generated Content) do que no conteúdo gerado por marcas ou big influenciadores. E 79% das pessoas afirmam que o UGC impacta positivamente nas decisões de compra.

7- Hora de explorar novos formatos  
Com as redações cada vez mais enxutas e veículos repensando formas de monetização além do paywall, novos formatos de notícia ganham relevância e o profissional de PR tem de estar atento a este movimento. Para se ter uma ideia, 942 veículos fecharam nos últimos 6 anos.

Vídeos, newsletters, podcasts e artigos estão em alta. No Brasil, mais de 50 milhões de pessoas consomem podcasts, por exemplo. A estimativa da Emarketer é que esse número chegará a 62 milhões de ouvintes em 2027.

E, pra falar de vídeos, eu teria de fazer um texto à parte: já há alguns anos, usuários passam de 1 bilhão de horas diárias assistindo a conteúdos em plataformas como o YouTube, por exemplo, onde existem canais diversificados e interessantes de notícias.

Esses são alguns highlights e eu poderia passar horas escrevendo sobre o tema. Tem muita coisa boa acontecendo na comunicação, transformações superpositivas e, quem souber aproveitar o momento, vai estar em evidência em 2025.

Daniela Graicar é co-CEO da PROS