No momento em que escrevo este texto, acontece a Cúpula da Amazônia, em Belém, PA. É um evento preparatório à COP 30, que ocorrerá naquela cidade, em 2025.

Participarão os nossos vizinhos amazônicos da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que envolve Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.

Foram também convidados representantes de países com grandes florestas tropicais, como Indonésia, Congo-Brazzaville e República Democrática do Congo.

É o Brasil reassumindo um protagonismo mundial nas questões relacionadas à preservação ambiental, algo que ficou relegado a segundo plano no governo anterior.

Essas questões ganham relevância e senso de urgência ao se aproximar o emblemático ano de 2030, que marca a data limite para os ODS e o Pacto Global da ONU, visando principalmente a evitar que a Terra ultrapasse 1,5°C de aumento da sua temperatura, em relação à era pré-industrial.

Os recentes recordes de temperatura no Hemisfério Norte dramatizam a situação e fazem com que a atenção dos países desenvolvidos se volte para regiões como a nossa, de onde espera-se uma contenção do aquecimento global, em função da imensa cobertura vegetal existente.

É claro que a preservação da Amazônia, sozinha, não é a salvação do mundo. Outras iniciativas contra o aquecimento global estão sendo implementadas em ritmo acelerado no mundo inteiro, principalmente nos países mais desenvolvidos.

A transição energética, de fontes fósseis para renováveis, se acelera a cada ano, visando a diminuir a emissão de CO2 e GEE (Gases de Efeito Estufa).

Em termos de energia, o Brasil está numa condição privilegiada: graças à aposta em hidrelétricas no passado e, atualmente, no crescimento exponencial da energia eólica e solar, nosso país teve sua eletricidade gerada por mais de 90% de fontes renováveis no ano passado. Com os reservatórios cheios, este ano não será diferente.

Há ainda o imenso potencial do hidrogênio verde e da biomassa. O problema com o Brasil está no desmatamento, na má gestão de resíduos e no uso inadequado do solo, o que nos coloca entre os 10 maiores emissores de GEE do mundo.

O presidente Lula reforça o compromisso de alcançar desmatamento zero na Amazônia em 2030 e conta com ajuda dos países ricos para garantir recursos para bater esta meta.

Mais do que pensar simplesmente no engajamento brasileiro ao combate ao aquecimento global, algo que já está ocorrendo, essa preocupação internacional com o verde deve provocar uma ação coordenada para usufruirmos economicamente desse momento.

A Amazônia de pé representará bilhões de créditos de carbono, além da riqueza da biodiversidade existente na região: simplesmente a maior do mundo. Devemos pensar no oceano azul e na cauda longa decorrente dessa onda verde que se intensifica no mundo.

O Brasil tem todas as condições de surfar essa onda de forma privilegiada, gerando riqueza e prosperidade para seus habitantes nas décadas futuras. E não só quanto às questões diretamente ligadas à preservação da Amazônia esse tema interessa.

Todas as empresas devem buscar formas mais sustentáveis de produzir seus bens e serviços. Devem pensar no seu impacto ambiental, desde o processo de R&D até na logística reversa, evitando o aumento de lixo e resíduos indesejáveis.

Adotar uma política ambientalmente responsável é diferencial competitivo hoje, mas poderá ser um risco aos negócios daqueles que não a praticarem no futuro breve.

Pensar verde tá na moda! Mas, cuidado, a sociedade cobrará consistência e comprovação de impacto positivo da sua atuação.

E não só as questões ambientais estão em jogo: as sociais e de governança também estão nesse escrutínio.  Comece a inserir as variáveis ESG na sua estratégia agora e se beneficie da onda verde. Ou arque com as consequências futuras.

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br