“Lhe damos as boas-vindas, boas-vindas, boas-vindas. Venha conhecer a vida. Eu digo que ela é gostosa. Tem o Sol e tem a Lua, tem o medo e tem a rosa. Eu digo que ela é gostosa. Tem a noite e tem o dia, a poesia e tem a prosa, eu digo que ela é gostosa…”

Esse é um trecho da música Boas-vindas, do Caetano Veloso, que eu ouvia muito
sozinha na reta final das minhas duas gravidezes. Apesar de estar tudo muito estranho e de cabeça pra baixo, apesar do medo e das incertezas de colocar novas pessoas nesse mundo maluco em que estamos vivendo, essa música era um convite simples para que aqueles bebês tivessem uma boa e alegre chegada, independentemente de tudo o que estava rolando.

Eu tenho dois filhos pequenos e confesso que sempre tive o sonho de ser mãe. Nunca pensei na possibilidade de não ter filhos. E essa foi uma escolha minha, que eu fiz para a minha vida. Mas, até eu ter me tornado mãe de fato, nunca tinha passado pela minha cabeça que ter filhos iria me impor, de forma tão rápida e intensa, novos cargos e funções.

Não quero ficar falando do desafio inenarrável que é o de equilibrar os pratos
do dia a dia, de como fazemos mil coisas ao mesmo tempo e como a vida pessoal acaba interferindo na vida profissional. Ser mãe, ser mulher, ser profissional, ser filha, ser foda.

Mas eu queria aproveitar e dizer que fico feliz em saber que, mesmo que aos poucos, estamos criando um ambiente de trabalho mais acolhedor para todas que são mães, dentro de um mercado que é tão complexo.

No entanto, a real é que a função materna nunca acaba, não tem um dia de folga. Meus filhos precisam de carinho e atenção, precisam ser trocados, precisam tomar banho, comer, escovar os dentes e de ajuda para dormir - todos os dias, independentemente de como foi, o que eu passei ou como está sendo o meu dia.
E meus filhos, por outro lado, não me aceitam “pela metade”. Eles me querem por inteira.

E é isso que tem me feito pensar cada vez mais na relação que tenho com o meu tempo, com o meu trabalho e com a minha vida.

São meus filhos que diariamente me convidam a viver um respiro diferente, a ver a vida mais colorida e a rir no caos. São eles que têm me lembrado todos os dias que o que importa é ter presença, saber ver e viver instantes e momentos, em segundos.

Meus filhos, sem dúvida, são a minha maior inspiração, e aceitar esse convite diário deles, de estar em presença com eles, me faz crescer e querer fazer do mundo um lugar melhor.

E voltando para o Caetano, boba era eu que achava que estava dando as boas-vindas para os meus filhos, quando, na verdade, no fundo eu estava era dando boas-vindas a mim mesma.

Meus filhos Chico e Pedro me trouxeram coragem, paciência e propósito de vida, eles estão me transformando em uma pessoa e uma profissional melhor a cada dia que passa. Com toda certeza, eu não estaria onde estou, sem eles.

Isabel Rudge é head of client services da Dojo, mãe do Francisco (4 anos) e do Pedro (2 anos)