Existe uma certa ansiedade do mercado publicitário pela movimentação de verbas no segundo semestre do ano. Não é para menos. O período é, geralmente, o melhor em termos de investimento em mídia devido a datas comemorativas como a Black Friday e o Natal, quando o consumo dos brasileiros cresce. E levando em consideração que o primeiro trimestre de 2023 teve aumento de 7,7% em relação ao mesmo período de 2022, ficando em R$ 3,7 bilhões contra R$ 3,4 bilhões, segundo o Cenp-Meios, o crescimento em publicidade deve se repetir.
O Cenp-Meios ainda não divulgou os dados consolidados de investimento em mídia no primeiro semestre, mas a reportagem do propmark se antecipou e ouviu alguns dos principais executivos do mercado para saber como foi o período e o que esperar para os próximos meses. Além de otimismo, os profissionais também falam em oportunidades.
O cenário é positivo, com a gradual melhora na economia. A previsão do mercado financeiro para o crescimento da economia brasileira em 2023 subiu de 1,84% para 2,14%, estimativa parecida com a do FMI (Fundo Monetário Internacional): que passou de 1,9% para 2,1%. O órgão afirma que a revisão para cima se deve “ao aumento na produção agrícola no primeiro trimestre de 2023, com repercussões positivas em serviços”.
Vale lembrar ainda que a economia superou as expectativas no primeiro trimestre, com uma taxa de crescimento de 1,9%. Porém, houve um sentimento geral de retração no segundo trimestre, especialmente em maio, cujo PIB foi o pior desde 2018.
Para Marcio Oliveira, presidente da operação brasileira da R/GA, o primeiro semestre foi “duro”, mas, segundo ele, há uma inclinação para baixar os juros no país e as empresas começam a se programar para voltar a investir e vender. “Veja o exemplo do setor automobilístico: com um pequeno incentivo do governo, pontual, o setor bombou de vender. As marcas aproveitaram a oportunidade para anunciar e o consumidor aproveitou o momento oportuno de compra.”
Já Manzar Feres, diretora de negócios Integrados em publicidade da Globo, esclarece que os eventos do calendário propiciam otimismo. “Com datas importantes para o mercado, como a Black Friday e o Natal, o segundo semestre é um período de grande expectativa e de oportunidades, tanto para as marcas como para os consumidores. A economia brasileira tem demonstrado sinais de ligeira recuperação, embora o momento ainda seja de cautela. Os desafios seguem postos e exigem prudência e assertividade por parte das empresas. Antecipar os movimentos, além de garantir os melhores espaços, tem sido cada vez mais importante. Uma pesquisa da Globo aponta, por exemplo, que 62% dos consumidores de classe AB afirmam que vão comprar na Black Friday e 26% começam a pesquisar sobre os produtos três meses antes da data. E 22% com, pelo menos, um mês de antecedência”, diz Manzar.
O publicitário Luiz Lara, chairman do Grupo TBWA no país e presidente do Cenp, vê sinais de recuperação no segundo semestre. “Apesar dos juros ainda muito altos, o encaminhamento da aprovação do arcabouço fiscal e da reforma tributária criou boas expectativas para o mercado, o que, junto com a redução da inflação e com a renegociação de dívidas do Desenrola, permitirá o aumento gradativo do consumo. No Grupo TBWA, o foco é nos talentos que atuam nas agências”, destaca Lara.
O live marketing também enxerga que projetos represados estão voltando à tona. “O segundo semestre vem demonstrando uma movimentação positiva, consequência de alguns projetos ainda represados sob o tema pandemia”, ressalta Heloísa Santana, presidente-executiva da Ampro.
X
Uma notícia que chocou a internet foi a mudança da marca do Twitter para, simplesmente, X. A decisão do bilionário Elon Musk, que pretende transformar a plataforma em marketplace com serviços como meios de pagamento, coloca fim ao histórico de 17 anos de sucesso da marca do passarinho, palco para discussões acaloradas de ideias e política. Especialistas avaliam as consequências, conforme matéria nesta edição.
Frase: “Aplausos para a Globo, por prestigiar em sua programação, com destaque nas telenovelas, atores negros, contribuindo de forma acentuada para a diminuição do racismo no país.” (Armando Ferrentini).
Armando Ferrentini é publisher do propmark
