Os 60 anos do propmark coincidem com os 45 anos do Conar. Coincidência? Não creio. O corajoso lançamento do propmark por Armando Ferrentini
em 1965 corresponde tanto a um movimento de profissionalização do mercado publicitário brasileiro como a um vigoroso processo de modernização da atividade. Foi também este o pano de fundo para a criação do Conar, 15 anos mais tarde. Verdade que havia naquela altura discussões que poderiam levar a uma limitação à liberdade de expressão comercial, mas podemos dizer que esta foi a causa urgente; a causa importante para a criação do Conar foi estabelecer pilares éticos fortes e duradouros para que a publicidade brasileira continuasse ganhando a projeção internacional que de fato ganhou nas décadas seguintes, como bem podemos ler nas páginas do propmark.
Desnecessário dizer que a autorregulamentação (que surgiu em 1978, com a publicação do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária) e o Conar (criado para aplicar o Código) sempre tiveram apoio irrestrito
de Ferrentini e sua equipe - e pelo qual muito agradecemos -, acompanhando o crescimento, profissionalização e inovação de toda a publicidade.
E quanta inovação vivemos nestes anos todos! A começar pelas empresas anunciantes e agências de publicidade, que se sofisticaram e multiplicaram várias vezes. Eram, nos anos 1960, poucas e estavam concentradas nas grandes capitais; hoje há empresas anunciantes e agências literalmente em cada esquina de todos os municípios brasileiros, pela compreensão de que anunciar alavanca vendas, empregos e riqueza. Quanto aos veículos de comunicação, saímos de um cenário onde a TV era ainda incipiente para chegarmos a um ambiente onde cinema, OOH e todo o universo digital juntaram-se aos meios que já conhecíamos, sem falar que a TV é, hoje, um meio múltiplo, que reúne irradiação gratuita, paga, por cabo ou satélite, streaming e 3.0, totalmente imerso no ambiente digital. O significado desta multiplicação de pontos de contato para a publicidade foi fantástico e, para nós, do Conar, representou - e segue representando - um desafio extraordinário. Para não ir longe, pensem no que significou a bem-vinda chegada dos influenciadores digitais, tornada possível pelo advento das redes sociais. Num curto intervalo de tempo, a comunicação brasileira ganhou milhões de protagonistas, muitos deles tendo aderido à publicidade. O benefício para anunciantes e consumidores tem sido imenso, dada a eficiência deste modo de comunicação publicitária. Para o Conar, o movimento trouxe o desafio de afiar nossa monitoria e também nossa rapidez no atendimento às demandas dos consumidores, desde sempre nossos maiores aliados nesta batalha.
Para isso, demos passo importante no ano passado, com a adoção de ferramenta tecnológica capaz de monitorar conteúdos nas redes sociais. Dado um tema, nossa ferramenta percorre postagens de várias redes, permitindo triagem entre conteúdo orgânico e publicitário, que passa então por revisão humana. Identificados potenciais desrespeitos às recomendações do Código e do Guia de Publicidade por influenciadores digitais, nossa monitoria passa a bola para o Núcleo Preventivo, que notifica os responsáveis pelo anúncio ou encaminha o caso para abertura de representação a ser levada ao Conselho de Ética.
A adoção da ferramenta tecnológica foi um dos pontos levados em conta pelo Icas, International Council for Advertising Self-Regulation, ao distinguir o Conar, em março, com o Prêmio de Reconhecimento Especial, pelo nosso desempenho excepcional e comprometimento com a autorregulamentação publicitária, assim como as nossas fortes contribuições ao próprio Icas e apoio a outras entidades de autorregulamentação. A premiação do Icas vem num momento de comemoração por todos nós, ao qual se junta nossa aproximação com as grandes plataformas internacionais.
O fato de isso coincidir com as comemorações dos 60 anos do propmark apenas reforça a nossa satisfação. Mas, como já vimos, isso não é uma simples coincidência.
Sergio Pompilio é presidente do Conar