Vou pedir licença a você, leitor, e aos editores do nosso PROPMARK para reciclar um texto que escrevi em outros natais. Até porque os meus pedidos ao bom velhinho continuam válidos também nesse complicado 2019. Quem sabe agora sou atendido…

Sim, eu acredito em Papai Noel! Desde quando ganhei a primeira bicicleta – uma Goricke, importada. E como não acreditar se sempre dependemos dessa data mágica para alavancar vendas? Como não acreditar se esbarramos com o velhinho bonachão em todos os centros de comércio?

Como não acreditar vendo os olhos das crianças (e de adultos também) brilharem extasiados, frente a uma decoração de Natal? Ou lacrimejarem, ao assistir a um emotivo comercial natalino. Embora seja uma versão controvertida, a figura do Papai Noel, como nos habituamos a conviver, foi concebida pelo pintor-ilustrador hiperrealista Norman Rockwell, sob encomenda da Coca-Cola.

Não que a figura de Santa Claus já não estivesse sendo projetada anteriormente, mas do jeito que ela é hoje – roupa vermelha e branca e todos os demais adereços – dizem que foi Rockwell que concebeu, na década de 1930.

E como tudo o que o fantástico pintor fazia, a representação do Papai Noel vermelho e branco, divulgada amplamente pela Coca-Cola, caiu nas graças de todos e virou padrão mundial.

Essa é a versão que tenho como verdadeira. Mas não importa, o momento mágico natalino, independentemente do seu forte lado religioso, tem a capacidade de mudar o comportamento de pessoas ao redor do mundo.

É o momento de fazer o bem, de festejar, de presentear e… fazer pedidos. Então, lá vou eu com os meus:

Querido Papai Noel, fui um bom menino em 2019 e quero fazer alguns pedidos. A lista é longa… Posso? Pois bem. Antes de mais nada, quero pedir que todos os números mais recentes da macroeconomia sejam verdadeiros e consistentes. Ou seja: que a inflação permaneça comportada, abaixo da meta. Que a taxa de juros continue sua trajetória de baixa. Que o dólar dê um refresco. Que todas essas condições sejam capazes de turbinar a economia e gerar mais empregos. E que a roda da economia gire mais célere e consistente, fazendo florescer mais negócios e, consequentemente, crescer o PIB.

Até aí tudo bem, bom velhinho?

Agora vem a parte mais difícil. Quero ver políticas governamentais consistentes, com menos briga e polarização e mais bom senso. Que tenhamos menos gente querendo polemizar e mais gente querendo fazer. Será que é pedir muito, Papai Noel? Peguei pesado, né? Mas nunca é demais tentar… Bem, queria agora que o bom velhinho olhasse para o nosso mercado da propaganda.

Queria que as relações entre clientes e agências fossem pautadas por interesses comuns, ganha-ganha. Sem atitudes leoninas ou posições desconfiadas.

Queria muito que todo o ecossistema (clientes, agências, veículos, produtores e provedores de soluções) visse a floresta e não somente a sua árvore. Que déssemos mais valor à autorregulação e nunca deixássemos de sentar à mesa – todos os players – para resolver pacificamente nossas diferenças.

Que os representantes de setores (associações, sindicatos e grupos) sejam mais reconhecidos e valorizados. Que a propaganda não perca seu valor como instrumento imprescindível para geração de negócios, engajamento de pessoas e manutenção de clientes.

Que a boa ideia prevaleça, apesar do uso crescente de dados. Que não fiquemos demasiadamente fascinados pela tecnologia e os algoritmos, pensando que eles podem curar todos os males. Mas que também não os evitemos, ficando presos às técnicas antigas.

Queria também mais inclusão e menos preconceito. Bem, Papai Noel, para que este texto não fique parecendo discurso de miss, apregoando o bem da humanidade, paro por aqui. Mas, vê lá hein… Conto com você!

Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional das Agências de Propaganda) (alexis@fenapro.org.br)