São nos momentos difíceis que percebemos quem realmente se importa com todos e não só com o próprio umbigo. Nestes últimos dois meses de uma crise sem precedentes, gerada pela diminuição ou mesmo interrupção de negócios de muitas empresas, vemos uma intensa mobilização para se buscar sobrevivência em meio à terra arrasada que a Covid-19 gerou. E é sempre importante ter isso em mente: o “inimigo” é a pandemia.

Para vencê-lo é preciso uma união de todos e, principalmente, muita empatia. O governo, em todas suas esferas, deve continuar empenhado na mitigação dos efeitos da pandemia, mas também ser empático quanto à situação das empresas, procurando ajudá-las a superar esse momento. Há ainda muito o que se fazer, principalmente na área de crédito, que não está chegando na ponta das pequenas e médias empresas.

A empatia deve ser exercitada como nunca também pelos contratantes de serviços. Não obstante a crise perversa, que enfraquece toda a cadeia de fornecedores, há clientes que insistem em velhas e condenáveis práticas, que penalizam os provedores de serviços.

Pagamentos em 90, 120 dias ou até em prazos maiores, concorrências (sem remuneração) com mais de quatro agências, briefings fictícios e pouca transparência nas relações são práticas que sempre foram condenáveis, mas, hoje, passados dois longos meses sem jobs, são vitais para as agências e, por consequência, para os fornecedores.

E não é que tem empresa que retomou bids e concorrências (o que é bom!) ainda com essas práticas questionáveis? Algumas dessas empresas têm sido empáticas em identificar necessidades entre os mais carentes, cuja crise afeta duramente, destinando recursos para amenizar sua dor. Palmas para elas!

Mas é preciso uma visão mais holística, procurando enxergar todo o ecossistema no qual a empresa está inserida. Senão parecerá oportunismo, entende? Você, leitor do PROPMARK, certamente tem acompanhado a luta da Ampro por relações sustentáveis. Na semana passada mesmo, este jornal trouxe mais um capítulo dessa história. Alguns clientes se incomodam com os questionamentos ruidosos da instituição, bombardeando os executivos de empresas em redes sociais, além de veicular anúncios e realizar posts convidando clientes para “discutir a relação”.

Não há, porém, outra forma de chamar a atenção desses executivos para que olhem para o lado dos provedores de serviços e fornecedores com a empatia necessária. É preciso reconhecer que muitos deles estão sensíveis à situação inusitada.

Recentemente, vi a Vale declarar que está antecipando pagamento aos seus fornecedores, vi também a Rappi afirmar que está pagando em prazos menores seus parceiros.

Há muitas outras empresas dispostas a rever suas práticas, pelo menos nesse período crítico, de vital importância para todos os stakeholders, e não somente o shareholder. E devemos dar visibilidade a essas atitudes positivas.

Faz bem a Globo em expor, no seu espaço de maior audiência, as iniciativas de empresas solidárias. Devemos todos enaltecer as ações positivas das empresas. Aqui mesmo, neste espaço, tentamos fazer isso sempre. Mas é preciso que a atitude seja verdadeira e abrangente. De nada adianta doar álcool em gel, mas lavar as mãos à frente de relações leoninas com fornecedores.

Se empatia sempre foi atributo importante dos gestores de empresas, nas atuais circunstâncias ela é vital. Em recente pesquisa realizada pela Ampro, apenas 41% dos respondentes (donos ou diretores de agências de live marketing) disseram não pensar em demissões no curto prazo.

A maioria não conseguirá segurar seus talentos, em função da quase total interrupção de trabalhos. Esse é o efeito dominó perverso que devemos tentar evitar.

O recado final é: cuide bem da sua saúde e daqueles próximos a você. Cuide também da sua empresa, mas também daquelas que gravitam em torno do seu negócio. Com empatia minimizaremos os efeitos da crise. Tamojunto!

Alexis Thuller Pagliarini é presidente-executivo da Ampro (Associação de Marketing Promocional) – alexis@ampro.com.br